Hoje veio-me à memória a frase que se atribui a Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos violentos, é o silêncio dos bons”

A ascensão do populismo, um pouco por todo o mundo, na Europa e também em Portugal, é responsabilidade que recai sobre todos quantos se reclamam moderados e defensores das causas e dos valores democráticos e humanistas, mas que, por uma razão ou outra, se vão mantendo em silêncio ou falando tão baixo que não se fazem ouvir.

É preciso afirmar, com convicção, corajosamente, sem cedências, os valores que os populismos – tanto de direita como de esquerda – desprezam.

Tem que existir uma atitude responsável na denúncia da manipulação da realidade e na desconstrução das mensagens simplistas que caracterizam o populismo. Não basta bramir contra o populismo, é preciso desmascará-lo, com pedagogia.

Tem de existir uma atitude responsável no combate à corrupção, que alimenta o populismo, restaurando a confiança na justiça e nas instituições democráticas.

Tem de existir uma atitude responsável na construção de soluções que respondam aos anseios dos cidadãos, não deixando aos promotores da demagogia e irresponsabilidade o monopólio da promessa de um futuro melhor e mais próspero. São as expectativas frustradas e os sentimentos de desilusão e de medo que têm dado força aos defensores de soluções extremistas e populistas. A sociedade tem de ser abanada. Todos já nos teremos apercebido disso há muito tempo.

Mas alguns ainda não se deram conta que o seu discurso retórico e distante da realidade não envolve as pessoas, não as mobiliza e não lhes inspira confiança.

É preciso contrapor aos populismos alternativas credíveis e soluções concretas aos novos, diferentes e complexos problemas dos cidadãos.

Todos teremos de contribuir. Estado, cidadãos e empresas. Igualdade, Diversidade e Equidade são valores intrínsecos a uma sociedade justa, coesa e livre, que todos temos de defender.

Não estão em causa apenas os valores éticos. O que está também em causa é cada um de nós ser capaz de assumir todos os seus compromissos, no respeito pelos valores e princípios da sociedade em que nos inserimos.

Não podemos permitir que os violentos se apropriem do nosso destino. Os bons têm de abandonar o silêncio e gritar que o preço a pagar pela inação e pelo adiamento será muito superior ao preço a pagar pela iniciativa.