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Comboio Lisboa-Madrid suspenso sem data de regresso

Empresa pública espanhola diz que não tem como prioridade reativar a operação de comboios-hotel por ter perdido 25 milhões em 2019. CP diz que aguarda pela conclusão das negociações entre Portugal e Espanha sobre reabertura de fronteiras para “definir o seu posicionamento relativamente às ligações internacionais”.
3 Junho 2020, 07h45

O comboio que assegurava a ligação entre Lisboa e Madrid foi suspenso pela empresa espanhola Renfe sem data de regresso.

O comboio que recentemente esteve nas notícias por ter transportado a ativista ambiental Greta Thunberg entre as duas capitais ibéricas em dezembro de 2019 foi suspenso pela companhia espanhola pela pandemia da Covid-19 que obrigou ao encerramento das fronteiras entre os dois países, mas também por a sua operação dos comboios-hotel da Renfe ser deficitária.

“A Renfe não planeia colocar em serviços os seus comboios-hotel no curto prazo”, disse fonte oficial da empresa pública espanhola ao Jornal Económico.

“Perante a previsão da evolução lenta da procura no mercado nacional, após a paragem que supos o confinamento pelo coronavírus e que representa perdas ao operador ferroviário, a Renfe vai recuperar a sua oferta de comboios dando prioridade aqueles serviços que possam dar maiores rácios de ocupação aos comboios”, avançou esta fonte.

“Entre eles não estão os comboios-hotel da Renfe que no último exercício acumularam perdas superiores aos 25 milhões de euros”, segundo a companhia espanhola que adiantou que a CP “conhece a situação”.

Pela sua vez, a CP disse ao Jornal Económico que “no momento atual encontram-se a decorrer conversações bilaterais entre os Governos de ambos os países, nomeadamente sobre os termos e condições de reabertura das fronteiras e ligações internacionais”.

“Assim, a CP aguarda pela conclusão deste processo para definir o seu posicionamento relativamente às ligações internacionais”, segundo fonte oficial da companhia pública portuguesa.

O Lusitânia Comboio Hotel partia diariamente à noite da estação de Santa Apolónia em Lisboa, chegando ao “centro de Madrid, nas primeiras horas da manhã”, conforme descreve a CP no seu site.

Com saídas diárias às 21h25 de Santa Apolónia, a viagem durava um total de 10 horas e 15 minutos, contando com 17 paragens, chegando à capital espanhola às 8h15 da manhã.

“Com partidas diárias de Lisboa e Madrid, o Lusitânia Comboio Hotel, em serviço noturno, permite descansar, dormir, organizar trabalho e aproveitar para saborear as refeições a bordo da carruagem-bar”, segundo a CP.

Além dos lugares normais de comboio, os viajantes também podiam optar por lugares cama em compartimentos para uma, duas ou quatro pessoas.

Quando fez a viagem entre as duas capitais ibéricas em dezembro de 2019, Greta Thunberg teve de fazer 100 quilómetros do percurso num comboio a gasóleo.

Na viagem que passava por Coimbra, Mangualde e Guarda até chegar à fronteira em Vilar Formoso, o percurso era sempre feito em linhas eletrificadas.

Mas entre a fronteira portuguesa e Medina del Campo em Espanha a linha não está eletrificada, e a ativissta ambiental sueca teve de seguir num comboio a gasóleo neste troço de 100 quilómetros, com esta locomotiva a produzir o dobro das emissões poluentes de um comboio elétrico, escreveu então o El Mundo.

Uma viagem de ida e volta entre Lisboa e Madrid num lugar sentado ficava a um preço de 100 euros, segundo os preços indicados pela CP no seu site. Já uma cama de turista num compartimento de quatro pessoas tinha um preço de 136,80 euros, ida e volta. O bilhete mais caro correspondia ao compartimento Gran Classe – Single, a um preço de 288,80 euros, ida e volta.

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