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Combustíveis fósseis foram responsáveis pela morte de 8,7 milhões de pessoas em 2018

Cientistas chamam-no de “assassino invisível”. Poluição através dos combustíveis fósseis resultou na morte de um quinto das pessoas no mundo, em 2018.
Navesh Chitrakar/REUTERS
9 Fevereiro 2021, 15h12

A poluição do ar causada pela queima de combustíveis fósseis, como carvão e o gás natural, resultaram na morte de 8,7 milhões de pessoas com mais de 14 anos, em 2018. Isto equivale a uma em cinco mortes nesse ano.

De acordo com um estudo desenvolvido em parceria com a Universidade de Harvard, de Birmingham, de Leicester e de Londres, divulgada esta terça-feira na publicação “Environmental Research”, os países com mais dependência de combustíveis fósseis, nomeadamente para garantir a operacionalização de fábricas, casas ou veículos, representam as taxas de mortalidade por esta causa mais elevadas.

Das 8,7 milhões de mortes contabilizadas, 30% foram contabilizadas na Ásia, principalmente na China. Nos Estados Unidos e Canadá esse valor encolhe para os cerca de 13%, enquanto que na Europa ocorreram 16% das mortes. Na América Central e Caraíbas, América do Sul e Médio Oriente esse valor recua para abaixo dos 10% enquanto que na África, Austrália e Oceania a taxa é inferior a 5%.

No entanto, os papéis invertem quando se analisam as mortes por infeçcões respiratórias em crianças com menos de 5 anos. Os dados indicam 13,6% desses óbitos estiveram relacionados com a emissão de gases poluentes e ocorreram na Europa. O número reduz para 6,6% na América do Norte, pelas mesmas causas, e para 5,7% na América do Sul.

Estas mortes em 2018 foram um “contribuidor chave para o fardo global de mortalidade e doenças”, informa o estudo. Feitas as contas, a mortalidade por combustíveis fósseis ultrapassa a média global anual de pessoas que morrem de tabaco ou malária.

Para o estudo, os cientistas estabeleceram ligações entre a poluição do ar generalizada pela queima de combustíveis fósseis e casos de doenças cardíacas, doenças respiratórias e até mesmo perda de visão. Sem as emissões de combustíveis fósseis, a expectativa média de vida da população mundial aumentaria em mais de um ano, enquanto os custos económicos e de saúde globais cairiam em cerca de 2,9 biliões de dólares.

A investigação contou ainda com a utilização de um modelo 3D de química atmosférica que dividiu a o planeta em blocos, associados aos dados das emissões de CO2 de diversos setores e a simulações da circulação do ar da NASA.

O valor obtido neste estudo quase duplica quando comparado com a média registada em 2019 pela revista científica Lancet. Na altura, os cientistas e investigadores concluíra quem tinham morrido cerca de 4,2 milhões de pessoas devido à inalação de ar poluído, fumo de fogos florestais, bem como a combustão de combustíveis fósseis.

“Não achamos bem que a poluição do ar seja um assassino invisível”, disse Neelu Tummala, um médico da Escola de Medicina e Ciências da Saúde da Universidade George Washington. “O ar que respiramos tem impacto na saúde de todos, mas particularmente das crianças, das pessoas mais velhas, dos que têm baixos rendimentos e das pessoas de cor”.

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