A Comissão Parlamentar de Inquérito sobre as consequências e responsabilidades políticas do furto do material militar ocorrido em Tancos vai prolongar os trabalhos por mais 90 dias. O prazo para a comissão terminar os trabalhos terminava em maio, mas os deputados decidiram esta quinta-feira, por unanimidade, prolongar o seu tempo de funcionamento.
A comissão, que foi criada a pedido do CDS-PP, tomou posse a 14 de novembro, com um calendário de trabalhos para 180 dias, prorrogável por mais 90. Tendo em conta que o atraso dos trabalhos, a Assembleia da República decidiu dar mais três meses aos deputados que integram esta comissão para concluir os trabalhos e “identificar e avaliar os factos, os atos e as omissões” do Governo “relacionados direta ou indiretamente com o furto de armas em Tancos”.
A comissão, que se reúne duas vezes por semana, terminou esta quarta-feira a fase de audições. Ao todo, foram ouvidas 18 antigos e atuais comandantes das unidades em torno dos paióis de Tancos e inspetores gerais do Exército. O último general a ser ouvido foi o Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME) na altura do furto, o general Rovisco Duarte, que se demitiu do cargo em 2018, na sequência da polémica que se gerou em torno do caso.
O furto do material militar foi detetado no final de junho de 2017. Na lista do arsenal roubado encontravam-se quase 1.500 munições de nove milímetros, mais de 100 granadas de mão de diversas valências, 44 granadas-foguete antitanque de 66 mm e vários explosivos de elevada potência. O material foi depois encontrado na zona da Chamusca, a 21 km dos paióis de Tancos, à exceção de munições de nove milímetros, que nunca chegaram a aparecer.
A proposta de abertura de uma comissão de inquérito sobre Tancos foi apresentada pelo CDS-PP, que “desde o início” considerou que “o incidente se afigurava tão grave quanto preocupante”. “Grave porque constituía – e constitui – o maior assalto a armamento militar deste século no continente europeu. Preocupante porque, 15 meses depois, permanece por esclarecer o que verdadeiramente aconteceu”, lê-se na exposição dos motivos para a constituição da comissão de inquérito, apresentada pelo partido na Assembleia da República.
A abertura da comissão foi aprovada no final de outubro, com a abstenção do PCP e do PEV.
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