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Commerzbank: juros de Portugal estão num nível alarmante

O banco alemão acredita que as obrigações soberanas de Portugal vão continuar sob pressão devido ao leilão de dívida de longo prazo que o IGCP promove na próxima semana.
17 Novembro 2016, 14h07

O Commerzbank recomenda aos seus clientes, numa nota enviada hoje, que tenham atenção com a evolução das obrigações soberanas de Portugal no curto e no médio prazo, assinalando que a ‘yield’ dos títulos de dívida está a atingir um “nível alarmante”.

Os juros da dívida de Portugal a 10 anos fecharam ontem no nível mais elevado em nove meses, acima dos 3,6%, com os títulos a serem dos mais penalizados com a turbulência no mercado de obrigações que se verificou nos últimos dias devidoà  vitória de Trump nas eleições nos Estados Unidos.

Uma das primeiras consequências da vitória de Donald Trump foi a subida das ‘yields’ americanas. O mercado americano de dívida é o maior do mundo e os seus movimentos influenciam os restantes mercados obrigacionistas. Assim, desde a semana passada que se tem assistido a uma subida generalizada das yields mundiais, um movimento que ganha uma maior expressão nos países em que a dívida pública é elevada, como a Espanha, Itália e Portugal.

No entanto, o Commerzbank alerta que, “além das ‘yields’ das obrigações soberanas de Portugal estarem num elevado nível alarmante, o desempenho superior face às obrigações soberanas de Itália chegou ao fim”.

O IGCP informou que até ao final do ano deveria avançar com um leilão de obrigações do Tesouro na próxima quarta-feira (23 de Novembro) com maturidades em Outubro de 2022 e Julho de 2016 num montante de mil milhões de euros.

O Commerzbank avança que o desempenho negativo da dívida portuguesa nas últimas sessões possa estar relacionado com este leilão, pois habitualmente os investidores vendem títulos no mercado secundário para participar na emissão no mercado primário.”Se for este o caso, será pouco provável um alívio nos juros da dívida portuguesa até o leilão se concretizar”, refere o banco.

a agência DBRS tinha afirmado ao Observador, que estaria confortável desde que as taxas não superassem os 3,5% e, sobretudo, os 4%. A partir desta última fasquia, o Observador salienta que “a preocupação da agência tornar-se-ia ainda mais grave.”

Os juros da dívida portuguesa a 10 anos estão esta quinta-feira a subir 4,4 pontos base para 3,721%.

A subida dos juros não é exclusiva de Portugal, afetando a generalidade dos mercados. A taxa de juro a 10 anos de Espanha avança 4,9 pontos para 1,602%, os de Itália avançam 3 pontos para 2,044% (+0,15). A dívida do Estado francês a 10 anos sobe 1,9 pontos percentuais para 0,766%.

Em sentido contrário estão as bunds alemãs, com a taxa a 10 anos a descer 1,1 pontos para 0,292%.

Perante este facto, o Primeiro-ministro António Costa, já veio dizer que acredita que, na sequência da decisão de Bruxelas sobre o Orçamento para 2017 e perante os dados mais recentes do crescimento da economia, os juros da dívida vão conhecer um ajustamento ao longo do próximo ano: “É muito provável que, ao longo de 2017, perante números que se consolidam sobre o crescimento da economia e a mensagem de confiança da União Europeia relativamente à evolução orçamental portuguesa, os próprios mercados ajustem o custo da nossa dívida face a valores mais compatíveis com a realidade económica do país”, disse o primeiro-ministro citado pela Lusa.

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