Os jovens não são um conjunto homogéneo. Há desde uma geração altamente qualificada, até um segmento pouco preparado para as reais necessidades do mercado e em espirais de precariedade. Portugal falha na quebra da reprodução social, ou seja, as oportunidades e desenvolvimento económico e social continuam demasiado agarradas à origem, formação e rendimento dos pais. Cerca de 20% dos jovens que desejam trabalhar estão desempregados.

A esse número, soma um elevado nível de emigração, comparável ao de países em guerra. E é um dos países na Europa onde os jovens, sobretudo os mais qualificados, têm maior disponibilidade para emigrar. Há muito de errado na capacidade do país em reter os jovens. E as empresas têm de saber atrair e reter os jovens.

O CEMS, uma aliança de escolas de gestão, em 33 países, e que conta com a Nova SBE em Portugal, inquiriu alunos das escolas de gestão sobre “o que os motiva”. Não retirando a importância da individualidade com que cada um se motiva, os quatro grandes tipos de motivações deste segmento de jovens no mercado de trabalho:

  1. Preferem empresas que valorizam além da força de trabalho, aspetos como a comunidade e as oportunidades de crescimento.
  2. Clara preferência por horários flexíveis.
  3. Apesar da crescente digitalização, o ambiente de escritório ainda desempenha um papel importante na criação de uma comunidade laboral e no desenvolvimento profissional.
  4. As carreiras não são um caminho predeterminado, sendo vistas como uma sequência de etapas sucessivas.

As aportações para os Recursos Humanos são claras: flexibilidade, comunidade, novo papel do escritório, carreira e formação. Obviamente que as condições económicas são relevantes – se não, não teríamos os resultados unânimes em qualquer estudo de serem as condições económicas as principais motivações de saída (valores líquidos, impostos, progressão). Mas, perante a escolha entre empresas, quem vence? Num mercado competitivo e escasso de bons recursos, há que ser exímio.

Insisto que não podemos generalizar estas conclusões para todos os jovens e nunca podemos esquecer que Portugal falha na quebra da reprodução social. Mas há quem procure oportunidades que alinhem os seus valores pessoais com os objetivos da empresa, a par de uma remuneração que não os empurre para uma vida além-fronteiras. As políticas públicas têm um papel fundamental, mas a força do tecido empresarial e a política de recursos humanos são fundamentais na capacidade de atração e retenção do talento jovem.