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Como é a casa de sonho dos portugueses?

Uma casa é o maior investimento das famílias e deixou de representar apenas a satisfação de requisitos espaciais, “palpáveis”, para estar carregada de uma significação emotiva.
12 Agosto 2018, 10h00

Os portugueses procuram uma casa que satisfaça as suas necessidades funcionais, mas acima de tudo que transmita os benefícios emocionais da habitação – que sejam verdadeiros lugares de felicidade. As características espaciais são fundamentais na escolha, no entanto, cada vez mais a casa é feita de um conjunto de pequenos “nadas”.

Estas são algumas das conclusões de Maria Ramalho Fontes, designer no Design Factory, área responsável pelo desenvolvimento de projetos de design, bem como do estudo de tendências e novos conceitos de habitar e que trabalha em conjunto com a RAR Imobiliária. Segundo a responsável, a escolha da casa, o maior investimento das famílias, deixou de representar apenas a satisfação de requisitos espaciais, “palpáveis”, para estar carregada de uma significação emotiva, um conjunto de características que definem um modo de habitar único e especial.

“O estudo de tendências que desenvolvemos internamente permite-nos estudar a evolução sócio económica, política e cultural do nosso País, procurando que os nossos projetos imobiliários reflitam a antecipação dos gostos e necessidades dos nossos clientes”, explica.

De facto, o mais recente estudo revela que a localização, luz natural e orientação solar são as características mais valorizadas numa casa. No entanto, a preocupação da interação com a vizinhança, a existência de espaços amplos e presença de área verde são atributos a valorizar.

Na opinião de Maria Fontes, cada vez menos os portugueses ficam longe da sua casa de sonho. A responsável adianta que o papel do designer de interiores aproxima muito as pessoas da sua casa de sonho. “Otimizar espaços pequenos, criar lugares que expressam a identidade de quem os habita, devolver qualidade na habitabilidade de espaços degradados ou esquecidos, são alguns dos desafios que nos são colocados. Com o panorama atual do mercado imobiliário, esta aposta é ainda mais expressiva. Há uma consciência crescente da capacidade de transformação dos espaços, reforçada pela identificação de modos de viver alicerçados na cultura contemporânea”, explica.

A casa é cada vez mais um indicador da identidade de quem o habita e, por isso, o desejo de personalização é evidente. Quanto a preços para alcançar a casa de sonho, Maria  Ramalho Fontes, admite que não estaria a ser consciente se dissesse que o dinheiro não é uma condicionante. “É, no entanto, a criatividade tem permitido olhar o design de uma perspetiva mais atenta e flexível, refletindo um exercício da nossa profissão mais crítico e curioso, procurando soluções que satisfaçam o cliente a todos os níveis”.

A designer avança que geralmente, as zonas mais esquecidas são as de utilização privada. No entanto, considera que esse paradigma está a mudar.  Tem percebido que as pessoas valorizam cada vez mais a criação de vários ambientes no espaço do quarto e casa de banho, afastando-se da ideia de que o quarto é para dormir.

“Estaremos perante uma necessidade de momentos de recolhimento mais assumida, resultado do dia a dia agitado das famílias? Estaremos perante uma vontade de transformar o espaço íntimo em espaços de estar que apelam a experiências sensoriais?”, questiona.

Quanto aos espaços mais privilegiados, Maria Fontes admite sem dúvida, a sala e a cozinha. “É o espaço social por excelência. Hoje, olha-se para a cozinha como uma extensão da sala. É muito importante que tenha arrumação, espaço de circulação, área de bancada livre, entre outros, no entanto, o que mais se valoriza é a sua integração no espaço de estar e a dinâmica proporcionada para a criação de momentos de partilha”, explica.

A existência de um espaço exterior habitável tem ganho, também, cada vez mais força, marcando um desejo de trazer os espaços verdes para o interior da habitação.

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