O ano passado empurrou bancos, empresas e consumidores para um território desconhecido. As mudanças que normalmente duravam anos foram, desta vez, comprimidas em meses. As instituições financeiras que já tinham embarcado na viagem da transformação digital tiveram que acelerar os seus planos, e os clientes tiveram que se familiarizar com a utilização, quase exclusiva, de serviços digitais.

De acordo com nosso recente estudo ‘Open banking num mundo pós Covid”, 41% dos executivos financeiros europeus (32% em Portugal) acreditam que, durante a pandemia Covid 19, a mudança do chamado digital – às vezes – para o digital – em primeiro lugar – será agora algo permanente para a indústria dos serviços financeiros.

Na verdade, esta moeda tem duas faces: por um lado, é indiscutível que a indústria e as economias foram enfraquecidas pela Covid 19. A queda nas receitas e nos lucros, os desafios regulatórios, o aparecimento no mercado de novos participantes disruptivos e as baixas taxas de juros baixas colocaram os bancos numa posição delicada. No entanto, o open banking  representa uma oportunidade significativa para a transição dos bancos do analógico para o digital e de uma lógica fechada para uma aberta. Identificamos três formas como o open banking pode beneficiar as instituições financeiras num mundo pós-pandemia.

A inovação no centro das prioridades

A Covid-19 levou a uma mudança rápida e inesperada no comportamento do consumidor, o que levou a que a inovação digital se tornasse agora numa necessidade premente, em vez de algo que é engraçado ou interessante ter. No último ano, as instituições financeiras tiveram que inovar em tempo real para garantir a continuidade dos negócios e do serviço aos seus clientes à medida que as suas necessidades mudavam rapidamente.

O sentido de urgência é hoje palpável em toda a indústria. Mais de dois terços (65%) dos executivos de serviços financeiros entrevistados – um valor que sobe para os 73% em Portugal – concordaram que é necessário que os bancos aumentem a velocidade de inovação em resultado da pandemia, e 74% dos executivos financeiros (82% em Portugal) acreditam que a pandemia aumentou a necessidade de melhorar os serviços digitais.

A tecnologia de open banking pode atuar como um catalisador para a inovação e a digitalização. E permitir o acesso a ferramentas e recursos que são escaláveis em várias geografias, áreas de negócio e segmentos de clientes. Por exemplo, recorrendo a técnicas como por exemplo código de reciclagem ou alternando entre diferentes serviços baseados em dados, os bancos podem reduzir o tempo de chegada ao mercado dos seus próprios serviços digitais.

Desbloqueando oportunidades de negócio

Os fluxos de receitas tradicionais enfrentaram recentemente uma pressão negativa e as margens de lucro começaram a diminuir para os bancos. Os bancos precisam agora de garantir que os seus empreendimentos digitais são suficientemente competitivos para sobreviverem num mercado digital cada vez mais preenchido.

As soluções open banking ajudam a melhorar o valor do cliente e respetivo envolvimento – algo crucial, pois sete em cada 10 (70%) executivos financeiros acreditam que a pandemia aumentou o foco na experiência do cliente.

Ela também proporciona a oportunidade para os bancos identificarem as necessidades dos clientes e apresentarem uma proposta personalizada e moldada a cada indivíduo. Por exemplo, através dos serviços de informações de conta, os bancos podem criar experiências de utilizador personalizadas que fazem com que os clientes voltem. Além disso, as instituições financeiras podem, por exemplo, usar a tecnologia de gestão de finanças pessoais para se envolverem e criarem valor para o cliente – dando-lhes insights inestimáveis para melhorarem a sua saúde financeira e também identificarem áreas de risco.

Possibilitando eficiências operacionais

Historicamente, na banca, os clientes eram obrigados a transferir vários documentos de onboarding – do comprovativo de residência a documentos de identificação. Isto não era apenas um fardo para o cliente, mas, no outro extremo, os bancos tinham também de proceder à revisão e avaliação manual dos documentos fornecidos.

O open banking pode agilizar tudo, da integração do cliente aos processos de due diligence  até à avaliação de risco. Ele simplifica o processo para o cliente, bem como aumenta a eficiência operacional do banco, permitindo que recuperem rapidamente as informações do cliente através de conexões com seu banco principal.

Agora, os dados do cliente podem ser obtidos em tempo real e num formato legível por máquinas e as instituições financeiras podem fazer a integração dos clientes rapidamente e com um risco significativamente menor. Com 68% dos executivos financeiros europeus a acreditarem que houve um foco renovado na rentabilidade desde a pandemia, reduzir os custos e potenciar as eficiências, sempre que possível, representará o sucesso ou insucesso para algumas instituições.

As boas notícias é que os benefícios oferecidos pelo open banking estão também a  chegar às contas empresariais. Na Tink, já lidamos com isto no Reino Unido, na Suécia e em Portugal – permitindo que as empresas tirem partido dos dados das contas empresariais para criarem os mesmos serviços integrados e experiências de utilizador melhoradas para os utilizadores empresariais tal como acontece já com as contas pessoais. E num mundo onde os clientes estão ativamente a consentir o acesso à sua informação financeira para obterem melhores serviços, solicitar esse consentimento para permitir pagamentos e transferências em open banking é um passo natural.

A indústria está apenas no início da viagem do open banking

O apetite pela alavancagem da tecnologia de open banking está a acelerar à medida que ela vai ganhando importância na agenda dos executivos. Mais de dois terços (68%) dos executivos financeiros entrevistados em toda a Europa (73% em Portugal) dizem que o seu interesse no open banking foi aguçado pela pandemia ao mesmo tempo que reconhecem seu potencial para reduzir riscos, antecipar dificuldades financeiras, aumentar as vendas e melhorar a experiência do cliente.

À medida que a poeira assenta, uma coisa fica clara – o open banking emergiu como um facilitador vital para a obtenção de vantagens competitivas para as instituições financeiras ao melhorar a experiência do cliente num mundo pós-pandemia.

O relatório da Tink ‘Open banking num mundo pós pandemia’ disponível aqui.