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Como os imigrantes nos EUA querem ser eleitos nas ‘midterms’

Com as medidas anti-imigração do atual governo, muitos candidatos posicionaram-se a favor dos imigrantes, sobretudo daqueles sem documentos. De acordo com um relatório recente, esse movimento representa um “despertar” de certas minorias que não estavam politicamente tão ativas.
4 Julho 2018, 16h23

Pelo menos 100 imigrantes, de primeira e segunda geração, vão disputar as chamadas eleições legislativas de meio de mandato (designadas de “midterms”) nos Estados Unidos (EUA) em novembro. O levantamento é da organização não governamental (ONG) New Americans Leaders (Nal, a sigla em inglês). Para a ONG, mais candidatos imigrantes estão na corrida deste ano em busca de espaços, como uma reação à rigorosa política de imigração de Donald Trump.

Com as medidas anti-imigração do atual governo, muitos candidatos se posicionaram em favor dos imigrantes, sobretudo dos sem documentos. De acordo com um relatório da Nal, esse movimento representa um “despertar” de certas minorias que não estavam politicamente tão ativas.

Nas eleições de novembro serão escolhidos 435 representantes na Câmara e no Senado norte-americanos, bem como governadores em 36 estados, deputados estaduais, prefeitos e vereadores.

Segundo a Nal, em 2015 somente 2% das vagas em eleições locais e estaduais foram ocupados por afroamericanos e latinos – os dois grupos mais populosos de minorias de primeira e segunda geração.

A busca por eleger candidatos locais ajuda a formar apoio na comunidade para eleições mais expressivas, como o Congresso e as majoritárias.

Um movimento semelhante em busca de maior participação também é observado, com a presença de mais mulheres candidatas este ano.

Sonhadores

Um exemplo de imigrante que se lançou candidata é o da estreante na política Catalina Cruz. Colombiana, esta candidata vive nos Estados Unidos desde os 9 anos e agora é candidata a uma vaga à Assembleia Legislativa do estado de Nova York.

Catalina autodenomina-se “dreamer” (sonhadora) – como são chamados os jovens que chegaram aos Estados Unidos com os pais, na infância, e viveram ou vivem ilegalmente no país.

Na campanha, voltada para o imigrante, Catalina conta que a mãe trabalhou como empregada de limpeza e ama, depois de deixar a Colômbia em busca de vida melhor para os filhos.

“Não tive documentos durante 13 anos, sei o que é ter medo de levarem a sua mãe ou de ser deportado. Sei também que milhares, como nós, vieram para cá em busca de oportunidades e de trabalho”, afirmou, num vídeo institucional de campanha divulgado no Facebook.

Catalina regularizou o seu status migratório  e tornou-se cidadã americana no ensino médio. Depois, formou-se em direito e, na campanha como candidata pelos Democratas, defende melhores condições para quem trabalhada como empregado doméstico.

Novos protagonistas

Nomes progressistas também aparecem em destaque entre os Democratas. A jovem Alexandria Ocasio, 28 anos, venceu o deputado Joseph Crowley, que tentava uma candidatura à reeleição nas primárias democratas da semana passada em Nova York.

Crowley é um político tradicional dentro do partido e era cotado para líder democrata na Câmara. Candidato à reeleição, perdeu a oportunidade de disputa ao ser derrotado internamente nas primárias por Alexandria Ocasio.

A jovem política, filha de portorriquenhos, representa uma ala mais à esquerda dentro do partido. Segundo a imprensa americana, esta jovem faz parte de um grupo que tem bastante afinidade com o senador Bernie Sanders, de Vermont, ex-candidato à Presidência em 2016.

Há ainda representantes da comunidade islâmica no país. O candidato democrata para as eleições ao governo do Michigan é Abdul El-Sayed. Reconhecido como muçulmano, El-Sayed fez carreira no serviço público do estado e foi diretor do Departamento de saúde da cidade de Detroit.

Aos 38 anos, El-Sayed faz parte da primeira geração nascida nos Estados Unidos de uma família de imigrantes do Egito. O candidato mantém a fé muçulmana e estudou em escolas públicas ao longo da vida escolar. Formou-se em medicina pela Universidade de Columbia e especializou-se em saúde pública.

Na campanha, defende melhorias no ensino público do estado e o combate a desigualdades na atenção à saúde.

El-Sayed mostra, em comentários nas redes sociais, as dificuldades que encontra na campanha, ao ser atacado com manifestações negativas pelo fato de ser um muçulmano.

Enquanto democratas se articulam e lançam candidatos imigrantes, Donald Trump contra-ataca. Em junho, o presidente participou de vários “rallys”, como são chamados os comícios no país.

Apoiando candidatos republicanos nos estados, Trump fala diretamente ao seu eleitorado. Há dez dias, por exemplo, em Minnesota, o presidente americano afirmou que era preciso votar no partido para evitar que a oposição acabe com  os planos de segurança que estão sendo trabalhados. “Os Democratas querem abrir a fronteira, para todo mundo vir”, afirmou.

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