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Como os olhos dos cães evoluíram para “domesticar”os humanos

Quantas vezes se viu rendido ao famoso “olhar de cachorrinho”? A perceção até aqui cingida ao campo do instinto tem agora evidências científicas.
19 Junho 2019, 15h52

Os chamados “olhinhos de cachorrinho” já têm explicação. Um estudo publicado na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos da América vem agora provar que estes animais, descendentes dos lobos, desenvolveram músculos à volta dos olhos para agradar aos humanos e criar reações de empatia e proteção.

O estudo intitulado de “Evolution of facial muscle anatomy in dogs” (“A evolução da anatomia do músculo facial nos cães”, tradução livre para português) traz  provas biológicas de que os cães domesticados desenvolveram uma habilidade especial para estabelecer uma comunicação mais eficaz com os seres humanos. Isso ocorreu em dois músculos faciais que fazem os olhos parecer maiores e mais ternurentos.

O documento foi desenvolvido pela universidade norte-americana de Portsmouth e informa que os músculos em causa ficaram conhecidos como RAOL e LAOM, e concluiu-se que a raça husky é aquela que tem este músculo menos desenvolvido, precisamente pelo facto de serem os cães que mais se assemelham aos lobos.

A anatomista Anne Burrows, da Universidade Duquesne dos Estados Unidos, explica que, em termos evolutivos, as mudanças nos músculos faciais dos cães foram “notavelmente rápidas” e podem estar “diretamente ligadas à interação social melhorada dos cães com os humanos”. “As sobrancelhas expressivas dos cães são, assim, o resultado da seleção baseada nas preferências dos seres humanos”, explica o estudo.

Mas esta teoria não é novidade. Vários estudos anteriores já tinham demonstrado que as expressões caninas provocam reações nos humanos, mas os novos estudos vão ainda mais longe e provam alterações anatómicas que fazem os olhos dos cães parecerem maiores e mais expressivos provocam reações que “dão a ilusão de comunicação humana”. É nesta domesticação que começou há 33 mil anos trouxe alterações anatómicas e comportamentais para humanos e para os cães, tornando-os no “melhor amigo do homem”.

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