Como Trump pode ser balão de oxigénio para a banca europeia

Donald Trump chegou há menos de um mês à Casa Branca, mas rapidamente começou a mudar tudo. Se na política externa o grande foco são as tarifas, a nível interno a palavra de ordem é cortar custos, mas também criar bases para que as empresas norte-americanas sejam campeãs globais. A desregulação é a palavra de ordem no setor da banca, entre outros, colocando pressão sobre o sistema financeiro global. Para os bancos na Europa, a nova administração dos EUA pode trazer o tão aguardado alívio das regras.

O lóbi da banca norte-americana para aliviar a regulação que tem de cumprir não é de hoje. A implementação do acordo de Basileia III, alcançado em 2017 para aumentar a estabilidade financeira e harmonizar a forma como os grandes bancos eram regulados a nível mundial, gerou várias discussões e adiou o processo no país. E, mais recentemente, em setembro do ano passado, os bancos conseguiram mesmo que a Reserva Federal dos EUA aliviasse os requisitos de capital. Os especialistas ouvidos pelo Jornal Económico (JE) acreditam que, com a presidência de Trump, que assumiu o cargo em janeiro, esta desregulação pode intensificar-se.

“Com o novo presidente, a desregulação pode ir ainda mais longe. Os bancos norte-americanos esperam que a administração [de Donald Trump] elimine parte do fardo imposto ao setor bancário pelo executivo anterior”, numa altura em que “é claro que as memórias da crise financeira de 2008 e 2009 estão a desaparecer”, afirma Eric Dor, diretor de estudos económicos da escola de gestão francesa IÉSEG, notando que “existe o risco real de apenas uma versão diluída das novas regras de Basileia vir a ser aplicada nos EUA. Alguns banqueiros esperam mesmo que, sob a nova presidência dos EUA, os bancos norte-americanos possam abandonar por completo as novas regras de Basileia”. Esta desregulação, que também está a acontecer no Reino Unido, “pode provocar uma distorção prejudicial da concorrência para os bancos europeus” que há vários anos apontam para a regulação excessiva no Velho Continente, frisa o professor.

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