As companhias aéreas reviram em baixa as previsões de tráfego e lucros para este ano, mostrando-se menos otimistas face a “ventos contrários”, adiantou hoje a Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA).
Perante as guerras comerciais e o abrandamento económico mundial, a IATA estima agora que serão efetuadas menos de cinco mil milhões de viagens aéreas este ano, contra os 5,22 mil milhões anteriormente previstos.
A organização antevê ainda que o lucro líquido conjunto das companhias aéreas atingirá 36 mil milhões de dólares (31,7 mil milhões de euros), ou seja, menos 600 milhões (528 mil milhões de euros) do que o previsto, declarou na sua assembleia-geral anual em Nova Deli, na Índia.
Já as receitas da aviação comercial deverão manter-se abaixo do valor de um bilião de dólares (888,1 mil milhões de euros) previstos aquando das projeções anteriores, em dezembro passado, com a IATA a mencionar agora 979 mil milhões (862 mil milhões de euros).
A organização prevê ainda que 69 milhões de toneladas de carga sejam transportadas por via aérea este ano, contra os 72,5 milhões de toneladas anteriormente previstos.
“O primeiro semestre de 2025 trouxe uma incerteza significativa aos mercados globais da aviação”, disse o diretor-geral da associação, Willie Walsh, citado pela agência AFP.
Dirigindo-se aos delegados da IATA, Walsh não mencionou o nome do Presidente dos EUA, Donald Trump, que desencadeou uma ofensiva tarifária no início de abril.
“O setor aeroespacial deve ser poupado às guerras comerciais, para evitar que a situação se agrave ainda mais”, defendeu Walsh.
Apesar destes “ventos contrários”, 2025 deverá ser “um ano melhor para as companhias aéreas do que 2024”, sublinhou o diretor da IATA, uma organização que reúne 350 transportadoras aéreas de todo o mundo, que representam 80% do tráfego aéreo mundial.
A saúde do setor e o crescimento económico estão intimamente ligados, e a IATA salientou que este último deverá baixar para 2,5% em 2025, em média, a nível mundial, contra 3,3% no ano passado. No entanto, “a rentabilidade das companhias aéreas deverá melhorar”, com uma margem líquida agora estimada em 3,7%, contra 3,6% anteriormente projetados para este ano, uma situação “em grande parte atribuível à queda dos preços do petróleo”.
O petróleo bruto Brent está a ser negociado abaixo dos 65 dólares por barril, resultado das guerras comerciais de Trump e de um aumento das quotas da OPEP+.
Entre “os riscos” para a aviação comercial, a IATA identificou os conflitos que atualmente se desenrola, no mundo. No Médio Oriente, o aeroporto de Telavive foi recentemente alvo de um ataque com mísseis e aviões civis foram destruídos no Iémen.
“Sublinhámos junto do Conselho de Segurança da ONU que os governos têm a responsabilidade de garantir que a aviação civil nunca seja afetada por operações militares, mesmo que não intencionalmente”, afirmou.
Além disso, “as tarifas e as guerras comerciais prolongadas estão a reduzir a procura de carga aérea e, potencialmente, de viagens”, observou a IATA.
“A incerteza sobre a evolução das políticas comerciais da administração Trump pode atrasar decisões importantes que apoiam a atividade económica”, acrescentou a organização.
Trump lançou uma ofensiva tarifária global em 02 de abril, mas a situação permanece altamente volátil: além de um adiamento de algumas das sobretaxas para o início de julho, na pendência de negociações com os países visados, um tribunal norte-americano contestou na passada quarta-feira a autoridade da Casa Branca para impor tais medidas. Poucas horas depois, um tribunal de recurso confirmou as sobretaxas aduaneiras, enquanto se aguarda uma decisão sobre o mérito da questão.
A indústria aeronáutica norte-americana “deverá ser afetada pelo abrandamento da economia dos Estados Unidos e o aumento dos direitos aduaneiros deverá afetar a confiança dos consumidores e das empresas, reduzindo o consumo e o investimento”, afirmou a IATA.
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