Com o mês de agosto chegam as férias, as idas à praia, as reuniões familiares e a necessidade de desacelerar para que possamos novamente (e com bem-estar) acelerar.

Nos últimos anos temos vindo a assistir a um aumento assustador de situações de burnout ou, no mínimo, de perceção de desconforto profissional. Tal se tem verificado em todas as áreas de atuação, independentemente dos cargos/ funções.

São muito diversos os fatores que levam a desgastes tão graves e lesantes para a Pessoa. No entanto, gostaria que focássemos num dos elementos potenciadores na sociedade global: as novas tecnologias de comunicação.

Preciso, antes de mais, de admitir que sou um acérrimo defensor da utilização das novas tecnologias. Permitem que estejamos facilmente conectados e em diálogo. Isto vale tanto para o trabalho como para as dimensões pessoais/familiares. Vejamos alguns exemplos.

Podemos colocar a palavra eficiência no centro da logística de reuniões (através de chamadas Skype ou WhatsApp com pessoas que não estão no mesmo espaço físico); e também partilhar documentos de trabalho, fotografias, vídeos ou agendas, dotando as equipas de uma incrível capacidade de agilização de recursos.

Numa dimensão pessoal e/ou familiar, estas tecnologias permitem que, estejamos onde estivermos, possamos falar e ver os que nos são mais queridos e partilhar afeto.

Tudo isto são motivos mais que suficientes para se gostar da presença das novas tecnologias de comunicação. Porém, “como não há bela sem senão”, são também estas ferramentas que nos mantêm sempre conectados com o trabalho (e quase reféns dele), sobretudo nas funções em que o acesso a um computador e internet são o suficiente para podermos embarcar numa jornada de trabalho fora de horas.

Além da dependência de acesso à NET/redes, que é uma preocupação crescente na sociedade atual, a possibilidade de se trazer trabalho para casa é cada vez maior desde que tudo está conectado e síncrono. Quando isto acontece, há uma clara violação do tempo que deve ser dedicado ao descanso e lazer. A ser-se Pessoa, com todas as dimensões e mais algumas.

Assim, no meio deste stresse e sincronização – com delicado equilíbrio entre o benefício e o prejuízo – surgem as férias: uma espécie de oásis em que podemos reduzir o contacto com o mundo virtual e privilegiar o lazer, sobretudo estando com as pessoas que respiram a mesma brisa de mar que nós.

Pode ser doloroso abdicar da cabina de controlo que é ter num telemóvel acesso a todos os emails, redes sociais e afins (eu próprio sinto ansiedade nas minhas incursões pelo mundo do detox digital) mas, de facto, a única forma de se manter o equilíbrio é desacelerar ritmos de conexão para conseguirmos perceber os limites saudáveis do estar-se conectado 24h/7 dias por semana.

Além de muito provavelmente aproveitar melhor as férias, estar a 100% na companhia das pessoas que lhe são mais queridas, terá ainda energia renovada para que possa voltar a acelerar no regresso ao trabalho.

Boas férias!