O líder da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos defendeu hoje que a União Europeia facilite a entrada a chineses, depois da China ter alargado a isenção de vistos a mais de 30 países europeus.
“Continuaremos a bater à porta da Comissão Europeia para baixar o limiar para visitantes vindos de fora da Europa”, disse o presidente da Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos (ECTAA, na sigla em inglês).
Frank Oostdam falava em Macau, numa conferência de imprensa, quando questionado sobre a resposta europeia à política de isenção de vistos da China, que desde 15 de outubro abrange Portugal.
No final de março, o embaixador chinês em Lisboa Zhao Bentang disse em entrevista à Lusa que “a China já pediu à Europa, a Portugal, que facilite a entrada a cidadãos chineses”.
Mas o holandês Frank Oostdam admitiu que “o clima político não é animador” e que a atual tendência é para maiores restrições à entrada na União Europeia, dando como exemplo os Países Baixos.
Oostdam falava horas antes do líder da extrema-direita dos Países Baixos, Geert Wilders, ter retirado o partido da coligação governamental, devido a um desacordo sobre a imigração, abrindo caminho a eleições antecipadas.
Wilders exigia uma redução radical da migração, o reforço dos controlos fronteiriços e a rejeição de todos os requerentes de asilo.
“Gostaríamos de ter o máximo de pessoas a viajar pelo mundo, tanto quanto possível, mas não estou assim tão confiante”, lamentou Frank Oostdam.
“Somos muito a favor da liberdade de circulação, porque se as pessoas se conhecerem, teremos um mundo melhor”, defendeu o presidente da ECTAA.
Antes da conferência de imprensa, também o presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) lamentou “não haver a mesma solução do ponto de vista da Europa relativamente aos turistas chineses”.
“Gostaríamos muito que acontecesse, é essa a opinião da ECTAA, é essa a posição da APAVT. Os vistos fazem mal à mobilidade e a mobilidade faz bem ao mundo”, defendeu Pedro Costa Ferreira.
No caso de Portugal, a isenção de visto para entrada na China vigora até 31 de dezembro, mas Frank Oostdam demonstrou esperança que seja “prolongada por muitos anos”.
“Pelo que ouvimos, a situação parece otimista. Esperemos que sim, porque a questão do visto é realmente essencial para explorar o potencial do turismo da Europa para a China”, defendeu o dirigente.
“Se não tivermos [isenção de visto], o potencial está lá, mas não resultará em muito mais turistas”, alertou o neerlandês.
Já a vice-presidente da ECTAA, Heli Maki-Franti, lamentou que o encerramento do espaço aéreo da Rússia tenha levado as companhias aéreas a “reduzir drasticamente” o número de voos para a China.
A União Europeia fechou o espaço aéreo aos aviões russos após a invasão da Ucrânia, e Moscovo retaliou com proibições semelhantes, tornando mais longas e dispendiosas as ligações entre a Ásia e a Europa.
“Muitos clientes não estão dispostos a pagar”, disse Maki-Franti.
A diretora dos Serviços de Turismo de Macau (DST), Maria Helena de Senna Fernandes, disse que isto representa “uma clara oportunidade” para as transportadoras chinesas, “porque podem sobrevoar território russo”.
O problema, respondeu Heli Maki-Franti, é que os viajantes europeus “ainda não conhecem as companhias aéreas chinesas”.
“Há muito [trabalho de promoção] que estas empresas poderiam fazer no mercado europeu”, acrescentou a finlandesa.
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