Continua a queda de expectativas na zona euro: o índice de sentimento económico da Comissão Europeia voltou a cair em agosto, afundando-se mais em território de contração da atividade, em linha com outros inquéritos privados à economia real e expectativas dos agentes. A juntar a isto, as pressões nos preços já não estão a recuar de forma transversal a todos os sectores, agravando as preocupações dos investidores e decisores políticos.
O índice compilado pela Comissão Europeia voltou a cair em agosto, passando de 94,5 em julho para 93,3 em agosto, quando o mercado projetava 93,7. O indicador é normalizado para 100, pelo que valores abaixo deste limiar apontam para uma contração da atividade e acima de 100 correspondem a uma expansão.
Olhando para os diferentes sectores (onde o índice vaira entre -100 e 100, com 0 como ponto de inflexão entre contração e expansão da atividade), as quedas foram transversais. A indústria bateu mínimos de agosto de 2020 com -10,3, uma queda ainda maior do que o mercado projetava, mas os serviços e a construção deram os maiores tombos.
Em todos os sectores, o subíndice de sentimento económico manteve-se abaixo do registado em fevereiro de 2022, quando a Rússia avançou com a invasão da Ucrânia, destaca a análise da Pantheon Macro. O think-tank lembra que os dados conhecidos esta quarta-feira ficam em linha com os números dos índices de gestores de compras (PMI) divulgados recentemente para a zona euro e as suas principais economias, que apontavam também para uma retração forte da atividade.
Olhando por Estado-membro, apenas Espanha escapa à deterioração de confiança e expectativas entre as principais economias da zona euro, embora os Países Baixos também tenha registado uma estagnação do índice. Em sentido inverso, Alemanha, Itália e França verificam um agravamento do sentimento económico, com particular intensidade nos dois últimos países.
Outro fator de preocupação prende-se com a interrupção da trajetória descendente das expectativas de preços de venda dos retalhistas, com a indústria e a construção a registar mesmo uma subida deste subindicador. Na mesma linha, as expectativas dos consumidores quanto aos preços nos próximos doze meses voltaram a subir, o que contribui para a perda de confiança das famílias, que recuou 0,9 pontos no primeiro decréscimo desde setembro do ano passado.
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