No dia em que foi divulgado um estudo que revela que a fórmula desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford tem uma eficácia de 79% na prevenção das infeções sintomáticas de Covid-19, tendo sido considerada como “segura e altamente eficaz”, foi divulgado um inquérito realizado entre cidadãos europeus onde se concluiu que esta vacina é vista como “pouco segura”.
O estudo, realizado em Espanha, França, Alemanha, Reino Unido e Itália pela YouGov revela que a perceção desta vacina aos olhos do público deteriorou-se desde o último inquérito realizado em fevereiro, quando maioria dos inquiridos, embora preocupados, mantinham a confiança no fármaco. Agora, depois de ter sido suspensa temporariamente em dezenas de países, incluindo Portugal, na sequência do surgimento de episódios raros de coágulos no sangue, a confiança nesta vacina caiu substancialmente.
Em fevereiro, 43% dos alemães consideravam o fármaco como seguro, comparativamente 40% que acreditavam o contrário. Hoje, a percentagem de alemães que não acredita na segurança da vacina subiu para 55% e apenas 32% mantém a sua convicção no fármaco.
Entre os franceses a situação agravou-se: dos 43% que não acreditavam na sua segurança, esse valor sobe agora para 61%, enquanto que os que a consideram como segura desceu de 33% para 23%.
Em Espanha e Itália, a confiança na vacina, no mês passado, era de 54% e 59%, respetivamente. Desde então, essas figuras derraparam para 36% e 38%, pela mesma ordem, situando-se abaixo da percentagem que não acredita na segurança da vacina: 52% e 43%, respetivamente.
Só entre os inquiridos do Grã-Bretanha é que se considerou que as reações advsersas raras não tiveram impacto na relação com a vacina: 77% mantém-se otimista quanto à sua eficácia, 4 pontos percentuais a menos do que em fevereiro.
Para este novo inquérito a Suécia e a Dinamarca foram incluídas no estudo. 43% dos suecos consideram que o fármaco da AstraZeneca é seguro, contra 34% que discordam, enquanto que os dinamarqueses empatam nesta matéria: 42%.
Regulador europeu mantém confiança na vacina
Esta segunda-feira, Portugal voltou a incluir a vacina anglo-sueca na lista do programa de vacinação, depois de ter sido suspensa por um dia. Os dados da Agência Europeia do Medicamento (EMA) revelam que o fármaco é “seguro e eficaz”, após terem sido investigados os episódios de reações adversas.
A EMA concluiu que os benefícios da vacina da AstraZeneca – perante a qual os Estados-membros não atuaram de maneira uniforme – superam os riscos e não encontrou problemas nos lotes ou com a qualidade com do fármaco, embora não tenha descartado definitivamente uma ligação com os incidentes de coágulos sanguíneos (tromboses).
A diretora executiva da EMA garantiu que a vacina em causa “não está associada ao aumento do risco geral de evento de tromboembolismo ou coágulos“. No entanto, Emer Cooke diz que que com base nas informações disponíveis, “ainda não podemos descartar definitivamente a ligação entre estes casos [de coágulos] e a vacina”.
A responsável adianta que a agência está a fazer estudos e a investigar mais a fundo os efeitos da vacina e apela a que todas as pessoas que tenham efeitos secundários, que os reportem. Porém, reitera: “Esta vacina é uma opção segura e eficaz para proteger os cidadãos contra a Covid-19. Os riscos são inferiores aos benefícios”.
Também a Organização Mundial de Saúde tinha defendido a segurança e eficácia do fármaco e afirmado que, neste momento, os benefícios superam os riscos e que, por isso, recomenda que o “processo de vacinação continue”. “A vacinação contra a Covid-19 não irá reduzir doenças ou mortes por outras causas. Sabe-se que os eventos tromboembólicos ocorrem frequentemente.
O tromboembolismo venoso é a terceira doença cardiovascular mais comum a nível mundial“, lembrou a OMS.
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