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Confinamento versus recolhimento obrigatório – impacto económico

Todos sabemos que se fecharmos tudo, e colocarmos a população em casa, o vírus não avança certamente, mas “morremos” da suposta cura. Face a toda esta situação, a sociedade regional obriga-se a um nível de responsabilidade muito elevado, perante o desafio que é manter as empresas em atividade, as escolas parcialmente abertas, e estabilizar o nível diário de infeções, sem que tal prejudique as condições mínimas de sobrevivência da maior parte do tecido empresarial.
18 Março 2021, 07h15

Não existirão muitas dúvidas, mesmo para os mais afastados da vida política e económica da RAM, de que a nossa Região Autónoma não podia confinar totalmente, novamente. Veio este recolhimento obrigatório mitigar as situações que todos conhecemos e que podiam de forma exponencial, aumentar o problema de saúde pública. Ao contrário de um confinamento total e em meu ver muito bem, dentro das nossas condições, mantivemos a economia local a funcionar, embora com restrições. A Madeira não tinha nem tem capacidade financeira para suportar novo confinamento total.

Veja-se as dificuldades que a RAM tem tido, por exemplo, em pagar os apoios comunitários e do seu próprio orçamento regional, cujos empresários esperam e desesperam por receber. O Estado conforme sabemos, há muito tempo que deixou de acarinhar a nossa região que é do seu território, veja-se a ausência do aval ao famoso empréstimo de 450 milhões de euros, veja-se a quantidade de apoios nacionais para fazer face à pandemia, em que as regiões autónomas não foram contempladas, contribuindo assim para mais desequilíbrios orçamentais. Não podemos esquecer o quão débeis são e já eram as nossas capacidades orçamentais para fazer face à nossa despesa, quanto mais onerando de sobremaneira esse mesmo orçamento no sentido de apoiar empresas e cidadãos desde março de 2020 até o momento atual. O tal princípio da continuidade territorial permanece cada vez mais em causa por razões óbvias.

No momento mais do que natural para que o Estado mostrasse a sua soberania na RAM, a sua solidariedade, apercebemo-nos exatamente do contrário. A não ser que a soberania seja demonstrável apenas através do cargo de representante da República na RAM, que cada vez mais faz menos sentido, mas insiste-se em manter para efeitos meramente institucionais. A soberania pode e deve ser exercida na sua plenitude, contribuindo para a aproximação das regiões de uma Nação, quer em termos culturais, quer em termos sociais, quer ao nível da qualidade e nível de vida de todos os Portugueses. Não é de todo ao que assistimos.

A conclusão que podemos retirar de tudo isto, e o impacto destas medidas separatistas, é que a Madeira necessita manter as suas atividades abertas, limitando apenas ao recolhimento obrigatório, porque não existe capacidade financeira para confinar. Todos sabemos que se fecharmos tudo, e colocarmos a população em casa, o vírus não avança certamente, mas “morremos” da suposta cura. Face a toda esta situação, a sociedade regional obriga-se a um nível de responsabilidade muito elevado, perante o desafio que é manter as empresas em atividade, as escolas parcialmente abertas, e estabilizar o nível diário de infeções, sem que tal prejudique as condições mínimas de sobrevivência da maior parte do tecido empresarial. Diria mais, só não estamos com melhores rácios em termos de saúde pública, porque infelizmente certas fasquias da nossa sociedade ainda acham que só os outros é que têm o dever de…, só os outros é que têm a obrigação de cuidar de si e do próximo, que a eles nunca nada de mal lhes vai acontecer, que o Governo é que tem que resolver tudo, se calhar um polícia atrás de cada pessoa fosse o ideal!!

Desculpem a ironia, mas às vezes temos que ridicularizar no sentido de fazer crer que se cada um fizer a sua parte, as restrições serão levantadas mais cedo do que pensamos, e poderemos voltar ao “nosso normal”. Responsabilidade é o que se exige, saúde para todos.

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