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Confrontos na fronteira Azerbaijão-Arménia sobem de tom

O cessar-fogo conseguido em novembro com a mediação de Moscovo e o apoio de bastidores da Turquia está cada vez mais colocado em causa. Os confrontos, que verdadeiramente nunca acabam de facto, estão a tornar-se mais violentos.
  • Nagorno-Karabakh
6 Agosto 2021, 18h20

A comunidade internacional nunca acreditou que a última guerra tivesse solucionado o problema entre a Arménia e o Azerbaijão – como a próxima, seja ela quando for, também não solucionará. Mas também não parecia acreditar que o cessar-fogo entre os dois inimigos conseguido em novembro do ano passado – principalmente pela Rússia, em conjunto com a Turquia – demorasse tão pouco tempo a vacilar: tropas arménias abriram fogo contra posições do Azerbaijão, disse o Ministério da Defesa deste país.

A declaração do Ministério refere que as tropas arménias localizadas perto da vila de Arazdeyen, na província de Vedi, abriram fogo contra posições do Azerbaijão em Heydarabad, na província de Sadarak, na República Autónoma de Nakhchivan.

O conflito armado durou pouco – apesar de se ter estendido a outras povoações – mas foi o suficiente para alertar a comunidade internacional, que agora se prepara para mais uma escalada da violência. Até porque o Ministério afirmou que as tropas do Azerbaijão retaliaram e que a região está agora sob o controlo de Baku, a capital. Não houve vítimas no lado do Azerbaijão, informava ainda o comunicado, que não era específico relativamente ao adversário.

Os ataques da Arménia na fronteira mútua aumentaram nas últimas semanas: recentemente, o Ministério da Defesa turco adiantou que Yerevan, capital da Arménia e sede do governo, tem ignorado os pedidos de paz do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev.

Também o Conselho de Segurança Nacional turco afirmou que o conflito vai em crescendo e disse que a Arménia precisa de afastar a retórica e as atividades agressivas e aproveitar a hipótese de paz e estabilidade no sul do Cáucaso, que se abriu (mais uma vez) em novembro passado. A Turquia exortou as autoridades arménias a cumprirem os compromissos desse acordo.

Ancara e Baku reiteraram recentemente a sua determinação em criar um ambiente onde todos os países da região – Turquia, Azerbaijão, Arménia, Rússia, Irão e Geórgia – resolvam os seus problemas entre si e se desenvolvam economicamente em conjunto. Mas não há nenhuma evidência de que isso seja possível num prazo expectável.

A Turquia deu o seu apoio ao Azerbaijão, cuja região de Nagorno-Karabakh permaneceu sob ocupação arménia quase durante três décadas, antes de ser libertada em novembro passado. As relações entre as duas ex-repúblicas soviéticas têm sido tensas desde 1991, quando os militares arménios ocuparam Nagorno-Karabakh, um território reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão, e sete regiões adjacentes.

Os confrontos do ano passado, que começaram no final de setembro, foram particularmente violentos. Durante o conflito, o Azerbaijão libertou várias cidades e quase 300 localidades ocupadas pela Arménia. Após seis semanas de intensas batalhas, Moscovo acabou por conseguir a paz – que se revela muito periclitante.

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