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Conheça as ações portuguesas que prometem ganhos

Corticeira Amorim e EDP Renováveis são, do ponto de vista da análise técnica, as melhores apostas para quem quer investir no PSI 20.
21 Setembro 2016, 11h55

Investir na bolsa portuguesa está longe de ser tarefa para “marinheiros de água doce”. O índice de referência perde mais de 14% desde o início do ano, com 14 das 18 cotadas em terreno negativo. E os especialistas alertam: o PSI 20 vai continuar volátil no médio-prazo e não é esperada uma inversão sustentada desta tendência de queda, pelo menos tão cedo. “A expectativa é de que o índice nacional continue pressionado com ocasiões pontuais de compra em zonas de suporte.

Neste cenário, é possível optar por procurar antes oportunidades de curto-prazo no índice ou em ações individuais”, afirma Eduardo Silva, gestor da XTB. As “zonas de suporte” a que o especialista se refere são já um indício do que o Jornal Económico se propôs a fazer: en­contrar as melhores ações portugueses para investir, no curto e médio-prazo, através da análise técnica.

Demasiado complexa para a mai­oria dos investidores particulares, a análise técnica é uma ferramenta diária para quem investe profissionalmente. Parte da premissa que o mercado tende a ter comportamentos semelhantes quando confrontado com situações idênticas. Tomemos como exemplo a Altri, que tem o próximo suporte nos 3,124 euros. Significa isto que, na maioria das vezes que atingiu este preço, o título tendeu a subir novamente, não quebrando o nível. Se desta vez a tendência não se confirmar, será então previsível que a cotação do título continue em queda até encontrar o próximo suporte. Caso contrário, terá então espaço para su­bir. A mesma lógica é aplicável às resistências, mas, desta feita, em sentido contrário.

Ora, tendo em conta esta ciência, que está longe de ser exata, Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos, identifica dois títulos que prometem ganhos na bolsa por­tuguesa: Corticeira Amorim e EDP Renováveis (EDPR). Ambos re­ú­nem de resto o consenso entre os especialistas consultados pelo Jornal Económico. “A Corticeira Amo­rim e a EDPR são das poucas ações nacionais que vivem um ‘bull mar­ket’ apesar das desvalorizações registadas no índice principal. Do ponto de vista técnico, em que se privilegia a tendência dominante, ambas as ações mantêm um perfil atrativo”, explica Steven Santos, analista do BiG. O especialista da Pa­tris explica que a EDPR continua a beneficiar da implementação do seu plano de expansão na área das energias renováveis, apresentado em maio deste ano, enquanto a Cor­ticeira continua a refletir as perspetivas para a evolução dos seus mercados-alvo e a melhoria na rentabilidade que tem apresentado nos resultados.

Já a EDP divide opiniões. E­du­ardo Silva identifica um “potencial altista no médio/longo-prazo” embora ressalve “que a expectativa é a de que se consiga comprar a valores mais baixos”. Do ponto de vista da análise fundamental, Marisa Cabrita, gestora de ativos da Orey Financial, nota que, por um lado, “a EDP elevou as expectativas de lucro para 2016 devido ao aumento da capacidade de produção de eletricidade a custos mais baixos (…) em geografias tão diversas como Ibéria, América do Norte ou Brasil”. No entanto, adianta que: “Apesar de transacionar a desconto face aos pares da região europeia, o enquadramento fiscal em Portugal no âmbito de potenciais sanções da União Europeia, desencadeadas pelos elevados níveis do défice português, poderá representar um risco acrescido e ter um impacto potencialmente negativo na performance da ação”.

Corticeira Amorim
A Corticeira Amorim foi um dos títulos promovidos ao PSI 20 em março deste ano e é uma das estrelas do índice. Sobe 39,54% em 2016 e lidera os ganhos no PSI 20 desde o início do ano. Do ponto de vista da análise técnica, é a ação preferida dos analistas. Eduardo Silva, gestor da XTB, acredita que o título “deverá resistir melhor ao que consideramos ser um possível período corretivo no PSI 20, pelo facto de continuar a apresentar uma forte venda de rolhas de cortiça, um PER [rácio preço/lucro] de 13,7 e um interessante ‘dividend yield’. Não se espera uma quebra e os bons resultados deverão continuar a suportar a boa prestação atual do ativo”. Também Marisa Cabrita, gestora de ativos da Orey Financial, destaca que “depois dos resultados históricos apresentados pela Corticeira Amorim em 2015, o ano de 2016 poderá novamente confirmar a tendência de forte momentum de resultados”. Adianta que: “A transacionar a significativo desconto face aos pares, com rácios de dívida substancialmente abaixo do setor, o título acaba ainda por atrair os investidores com o ‘dividend yield’ generoso que oferece, tornando-a assim simultaneamente numa ação de crescimento e de valor”. A empresa é seguida por apenas dois analistas, cuja média do preço-alvo é de 9,15 euros, 10,24% acima da última cotação. Ambos têm recomendação de “compra” para o título.

EDP Renováveis
Do ponto de vista da análise técnica, Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos destaca a EDP Renováveis como um dos dois títulos que apresentam as tendências de subida mais fortes da bolsa nacional. A ação limita as perdas a 4,63% desde o início do ano, melhor do que o índice nacional que perde 14,28% no mesmo período. Marisa Cabrita, gestora de activos da Orey Financial, nota que, ao contrário do que acontece com a Corticeira Amorim ou com a EDP, a EDP Renováveis não transaciona com desconto significativo face aos pares. No entanto, “na última apresentação de resultados a gestão da empresa mostrou-se muito confiante em conseguir atingir os objetivos traçados para 2016-2020”, adianta a mesma especialista para quem “apesar de alguma volatilidade mais característica no curto-prazo, este título, a confirmarem-se as expectativas da equipa de gestão, poderá ter um momento positivo no longo-prazo”. A empresa é acompanhada por 24 analistas, cuja média do preço-alvo se situa em 7,66 euros, o que confere ao título um potencial de valorização de 10,79% face à última cotação. De acordo com os dados reunidos pela Bloomberg, 15 casas de investidmento recomendam “comprar”, enquanto oito têm recomendação de “manter”
e apenas uma de “vender”.

EDP
Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos, destaca ainda os títulos da EDP: “Um título que apresenta um elevado ‘dividend yield’ e que reafirmou, em maio, a intenção de reduzir o seu nível de endividamento”. Do ponto de vista técnico, o mesmo especialista adianta que “a cotação do título aproxima-se de importantes suportes que, se respeitados, poderão man­ter intacta a tendência de subida do título”. As ações da EDP perdem 12,65% desde o início do ano, embora tenham recuperado 13% desde junho, quan­do atingiu míni­mos de quase três anos. Embora os analistas consultados pelo Jornal Eco­nó­mico identifiquem uma tendência em baixa no curto-prazo, reconhecem o po­tencial do título a médio e longo-prazo. Isso mesmo nota Eduardo Silva, gestor da XTB: “Apesar do potencial altista no médio/longo-prazo, para já, a expec­ta­tiva é de que se consiga comprar a valores mais baixos”. Enquanto empresa de ‘utilities’ com ativos regulados, a EDP “de­pen­de largamente do nosso risco soberano”, alerta Steven Santos, analista do BiG. E adianta: “No mercado secundário de dívida pública, os juros das Obri­ga­ções do Tesouro continuam a subir, negociando acima dos 3,2%, o que penaliza indiretamente os títulos da EDP”. A maioria dos 25 analistas que seguem o título têm recomendação de “manter” (11), enquanto dez reco­men­dam “comprar” e quatro “vender”. A média dos preços-alvo é de 3,44 euros, 18,58% acima da última cotação.

Jerónimo Martins, ‘materials’ e exportadoras
Entre as preferências dos analistas encontram-se ainda títulos como a Jerónimo Martins, Navigator, Altri ou Semapa, embora não reúnem consenso. Marisa Cabrita, gestora de ativos da Orey Financial, destaca o setor das ‘materials’, onde “algumas ações transacionam a desconto face aos seus pares, ao mesmo tempo que mantêm uma política de remuneração acionista generosa e acima dos seus congéneres, numa altura cujo ambiente é de taxas de juro extraordinariamente baixas na Europa”. “Estas condições poderão trazer alguma atratividade acrescida a títulos com estas características”, remata. Entram no setor das ‘materials’ títulos como a Altri, Semapa e Navigator. Nomes que estão também entre as opções de Steven Santos, que prefere empresas fortemente exportadoras, “uma vez que as empresas mais dependentes do mercado doméstico e da notação de crédito soberano tendem a ser penalizadas no atual contexto de subida dos juros da dívida pública”. Destaca a Navigator e a Altri, títulos que têm sido penalizados pelas quedas dos preços da pasta e do papel e pela desvalorização do dólar americano. Eduardo Silva, gestor da XTB, aponta ainda a Jerónimo Martins como uma boa oportunidade de investimento, embora aconselhe a entrada no título a um valor mais perto dos 13 euros. A Jerónimo encerrou ontem a cotar nos 14,425 euros.

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