Com os Conservadores ainda em negociações com os Trabalhistas para conseguirem chegar a uma plataforma de entendimento que lhes permita entregar na Câmara dos Comuns um acordo que passe no crivo parlamentar, uma parte do partido da primeira-ministra Theresa May já está noutra fase: no pós-May.
A incerteza sobre o Brexit, a incapacidade de May encontrar uma solução para a saída e finalmente a tentativa de entendimento com o partido rival acabaram com a paciência do lado mais conservador dos Conservadores, que agora só estão interessados em virar a página e seguir em frente.
E se fosse preciso mais um tema para afastar May do seu partido, ele também existe: a primeira-ministra pode estar preparada para aceitar a continuidade da união aduaneira entre o Reino Unido e a União, o que alguns conservadores consideram mais uma traição, a última que estão dispostos a consentir a Theresa May.
A corrida à sucessão já começou publicamente – talvez há bem mais tempo que aquilo que parece – mas quem ganhar sabe que encontrar os mesmos obstáculos que causaram o fracasso de May.
Neste cenário, a tentação de eleições antecipadas é inegável, mas a correção severa sofrida pelos dois principais partidos nas eleições locais, há dez dias, mas muito particularmente pelos Conservadores, faz o partido pensar duas vezes. Até porque, entretanto, as sondagens indicam que Partido Brexit, de Nigel Farage, de extrema-direita, pode vir a ganhar as eleições europeias.
O cenário, ou todos eles, não podia ser pior: May conduziu as negociações do Brexit no segredo máximo e sem consultar o Parlamento ou o seu partido e agora o seu legado vai ser um campo minado para quem vier substituí-la. Mas, se a substituição for ao nível da chefia d governo, será com certeza uma presença a prazo. A marcação de eelições seria imperiosa e nada indica que os Conservadores venham a ganhar o país por mais quatro anos.
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