Para atingir a meta ‘net zero’ até 2050, as empresas de construção precisam de encontrar formas de reduzir as emissões de carbono em toda a cadeia de valor da construção.

De acordo com estudos recentes, a construção e operação de edifícios é o sector com maiores níveis de emissões de CO2 no mundo. Para as empresas de construção com uma estratégia de sustentabilidade, existem oportunidades significativas para reduzir as emissões de carbono e o consumo de energia permitindo um crescimento do volume e da rentabilidade dos negócios.

Para satisfazer as ambições do Acordo de Paris e alcançar a estratégia de longo prazo de se tornar neutra em termos climáticos até 2050, toda a cadeia de valor da construção precisa de tomar medidas urgentes para reduzir as emissões de carbono relacionadas com as operações de construção e com o consumo de energia da operação dos edifícios.

Neste contexto, o setor da construção tem a importante missão de reduzir as emissões de CO2 ao longo de toda a cadeia de valor, o que poderá fazer de várias formas, por exemplo:

i) Focar na inovação de produto:
Existem inúmeras oportunidades para melhorar os produtos tradicionais e introduzir novos. Por exemplo, os compósitos de madeira com um número crescente de aplicações constituem um forte substituto para materiais convencionais como o aço e o betão. Têm uma maior capacidade de carga e baixo peso, são resistentes ao calor, e a sua melhor classificação de isolamento torna-os mais eficientes em termos energéticos. Mais importante ainda, do ponto de vista da sustentabilidade, a substituição do betão e do aço por madeira — sempre que possível — proporciona um potencial de redução das emissões de CO2 entre 15% e 30%.

ii) Melhorar a eficiência dos processos:
Durante a fase de projeto e planeamento, arquitetos e engenheiros podem priorizar soluções para baixo consumo operacional de energia e desmontagem, bem como adaptabilidade e flexibilidade. Os fabricantes de materiais de construção podem optar por utilizar materiais que incorporam menos CO2, prolongar a vida útil dos materiais, produzir materiais localmente e estandardizar os materiais sempre que possível. Os fornecedores podem adotar novas tecnologias que reduzam o uso de energia e fazer a transição dos combustíveis fósseis para as renováveis. Os distribuidores podem otimizar os fluxos de transporte. Os empreiteiros podem adotar novas tecnologias que otimizam o uso de maquinaria e diminuem o consumo de combustível, e ao longo do processo de construção podem alavancar os sistemas de gestão de dados para linearizar as operações.

iii) Integrar os vários materiais:
De acordo com a análise do Fórum Económico Mundial e da EY-Parthenon, 70% a 80% dos resíduos de demolição de materiais de construção não reutilizados são descartados. Grande parte destes resíduos pode ser reutilizado ou reciclado. Por exemplo, 40% da madeira descartada pode ser reutilizada como material de pavimento. As principais empresas do setor já estão a realizar poupanças substanciais de CO2 através de modelos de materiais circulares.

As empresas de toda a cadeia de valor da construção — desde arquitetos e empresas de engenharia, fabricantes de materiais, fornecedores e distribuidores, empreiteiros, operadores, equipas de demolição — devem evitar ver as ações de descarbonização como mais um exercício individualizado de compliance.

As empresas do setor que desenvolverem estratégias e modelos de negócio integrados e que ajudem os seus clientes e eles próprios a alcançar a meta ‘net zero’ até 2050 terão uma vantagem competitiva significativa, crescendo de forma sustentável e rentável e diferenciando-se no mercado.