A construção metálica na era da Inteligência Artificial (IA) é um tema que, numa conferência especializada, deixou de ser uma opção para passar a ser uma obrigação – como ficou claro das diversas intervenções do segundo painel da manhã do XV Congresso de Construção Metálica Mista e, em paralelo, do I Congresso de Engenharia de Fachadas – uma organização da CMM – Associação Portuguesa de Construção Metálica e Mista, de que o Jornal Económico é media partner.
Bernardo Sobrinho Simões de Almada Lobo, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), o primeiro dos intervenientes, foi peremptório na introdução ao tema: “o ser humano ainda tem a última palavra e, por isso, não vai ser substituído”. Colocado o debate nesta base, a questão parece “não ter a ver com tecnologia, mas com o que fazemos com a tecnologia”. Desde logo, disse, a IA é uma forma de “ganhar tempo” – através da utilização de ‘data’ para compartimentar de forma maximizada a informação disponível. É esse o primeiro passo para, no final da cadeia, ser gerada uma resposta completa a um problema colocado. “Amplificar a inteligência humana”, disse Almada Lobo, é o segredo que “redefine todo o processo” – sendo certo que a abordagem perante a IA é necessariamente diferente.
Sistemas de soldadura robotizados integrados com tecnologia de sensores avançada, são a especialidade de Anton Zeilinger, da igm Robotersysteme AG. A combinação de diferentes processos num mesmo sistema é, disse, o segredo do que há de mais avançado nesta área – que permite, entre outras coisas, manter uma linha diversificada de produção em atividade 24 sobre 24 horas. O segredo está na escolha certa do sistema
Análise, decisão, melhoria contínua. É nesse sentido que segue o ‘estado da arte’ da Soldadura Robotizada Inteligente na Construção Metálica, matéria que mereceu a intervenção de Germano Veiga, da AGT Robotics, uma empresa canadiana. Utilizando o exemplo nem sempre compreendido de George Orwell na sua obra quase fundacional ‘1984’, Germâno Veiga convenceu os mais céticos de que a resposta do futuro – ao contrário de algumas incongruências da referida obra – está na mistura de sistemas, porque o todo é definitivamente superior à mera soma das partes.
O ato de projetar e a geração de soluções otimizadas com base na IA foi a base da intervenção de Filip Ljubinković, ligado à investigação da Universidade de Coimbra. Especialista em estruturas de aço e mistas, tem também interesse na integração de métodos computacionais avançados e IA para otimizar os processos de projeto e a análise estrutural. Nas suas palavras, um dos segredos está na otimização da engenharia baseada em IA, ou engenharia de IA, “um campo que utiliza princípios de engenharia para projetar, desenvolver e implantar sistemas de IA que combinam ciência de dados, ciência da computação e engenharia de software para criar sistemas inteligentes escaláveis e eficientes para uma ampla gama de aplicações, desde manutenção preditiva e otimização de projetos até veículos autónomos e manufatura inteligente – segundo avança um fonte de informação de IA. Os engenheiros de estruturas vão ser substituídos por IA, questionou – e a resposta é clara: os engenheiros de estruturas que usam IA vão substituir os engenheiros que não usam IA.
Liás, a conclusão do painel, para onde convergiram os quatro palestrantes, vai precisamente nesse sentido: a utilização da IA não é uma opção, mas antes uma obrigação de desenvolvimento e de utilização de ‘armas’ que estão à disposição de todos. E neste particular, a Europa tem uma palavra a dizer que não é apenas a de espetador – apesar de ter ficado a ideia de que para todos está claro que a grande força motriz do sistema não está na Europa.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com