Hoje celebra-se o dia mundial da visão, um sentido que é um privilégio para quem consegue pagar. Segundo um estudo da Deco Proteste, o problema desta especialidade no SNS não é a cirurgia, mas na primeira consulta.
Os dados do Ministério da Saúde mostram um incumprimento generalizado dos tempos máximos de resposta para consulta oftalmológica. Nos casos muito prioritários, a demora chega aos 89 dias, quase o triplo do máximo permitido. Nos prioritários, este período é de 82 dias, face ao limite de 60 dias, e, nos considerados normais, atinge os 250 dias, mais do dobro dos 120 dias fixados pela lei.
Em Lisboa e Vale do Tejo as consultas hospitalares desta especialidade prioritárias chegam a ter uma espera de 145 dias, já no Alentejo este tempo chega aos 191 dias, o mesmo acontece no Algarve, onde as consultas normais chegam a ter uma espera de 789 dias.
Nuno Pais de Figueiredo porta-voz da Deco Proteste, afirma que “esta situação evidencia uma forte desigualdade no acesso a cuidados de saúde essenciais, transformando um direito fundamental num privilégio, com grande impacto na qualidade de vida dos utentes, maioritariamente idosos, que perdem autonomia e bem-estar enquanto aguardam por uma solução. O utente pode fazer denúncia à Entidade Reguladora da Saúde sempre que o tempo de resposta seja ultrapassado”.
Em junho e julho de 2025, a Deco Proteste recolheu informação sobre os custos associados aos tratamentos disponíveis para esta patologia, que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), afetará a maioria das pessoas a partir dos 70 anos. Realizada de forma anónima, a investigação permitiu aferir a oferta privada em todo o País, para um doente de 70 anos, sem doenças associadas.
Com a demora no setor público muitos utentes optam por ir ao privado. Segundo o estudo, o custo de uma consulta no privado pode chegar aos 3.700 euros por olho.
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