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Consumir apenas o que é produzido em Portugal? “Modelo completamente anacrónico”, aponta Cecília Meireles

“O que ouvi aqui defender não foi a soberania portuguesa, mas o isolacionismo português”, sublinhou a deputada do CDS-PP.
  • Mário Cruz/Lusa
8 Julho 2020, 19h29

O PCP levou a debate, na Assembleia da República, “a política alternativa e a resposta às necessidades do povo português: soberania alimentar, produção e emprego”. O PS, PSD e CDS-PP não concordaram com a perspetiva dos comunistas e a deputada dos centristas Cecília Meireles considerou o modelo proposto como “completamente anacrónico”.

“Se aquilo que estamos a falar é que vamos fechar fronteiras e nós aqui só consumimos o que é produzido em Portugal nem nós importamos ou exportamos nada. Então, acho que estamos a discutir um modelo completamente anacrónico e que não tem a mínima hipótese de resultar”, garantiu a deputada do CDS-PP durante reunião plenária desta quarta feira, dia 8 de junho.

“O que ouvi aqui defender não foi a soberania portuguesa, mas o isolacionismo português”, sublinhou Cecília Meireles.

Por outro lado, o PCP considerou que “as medidas aprovadas para mitigar as consequências económicas e sociais da pandemia estão muito longe do seria necessário para apoiar quem deveria efetivamente ser apoiado” e que “as medidas necessárias para enfrentar a crise só são possíveis com uma outra política de rutura”. “A produção nacional é necessária para defender a soberania”, assegurou o deputado do PCP António Filipe.

O PCP referiu também que “o chamado fundo de recuperação anunciado pela Comissão Europeia não significou nenhuma alteração de rumo em relação às politicas de sempre”. António Filipe apontou que as alternativas, apresentadas por Ursula von der Leyen, não passam de “hipocrisia e de manipulações financeiras políticas”. “Tais medidas não anulam a linha do endividamento e visam drenagem de recursos públicos para os monopólios nomeadamente das principais potencias económicas.

Já o PS classificou a proposta do PCP como sendo “nacionalismo sem nexo”. “O que sugerem aqui, hoje, é um pomar de uma só macieira”, disse o deputado socialista Pedro do Carmo que reforçou ser necessário “manter capacidade produtiva, assegurar o aumento da produção, sensibilizar os portugueses para a opção nacional, remunerar adequadamente os produtores”, mas também “reforçar as exportações”.

“A pandemia, produto da globalização, sublinhou a insuficiência das nações e a ausência de respostas globais  para problemas, desafios e oportunidades que se colocam nas esferas mundiais e por muito que alguns queiram levantar novos muros, sustentar egocentrismo ou transformar um país num imenso arquipélago, somos parte de um todo”, disse Pedro do Carmo.

O PSD defendeu a “soberania alimentar europeia” e o deputado democrata António Lima Costa mencionou que a proposta do PCP “reivindica o fecho de fronteiras e um virar de costas à Europa e isso significa abandonar a União Europeia.

Para os democratas a sugestão dos comunistas implica “seguir uma política vista ainda em alguns países que resulta em prateleiras vazias nos supermercados mito da soberania alimentar pública”.

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