O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, reagiu hoje, dia 27 de junho, a declarações da chanceler alemã, Angela Merkel, encorajando os países europeus a recorrerem aos instrumentos da UE – União Europeia para a crise pós-pandemia, afirmando que é ele quem trata das contas de Itália.
“Eu trato das nossas contas”, disse Giuseppe Conte em resposta a declarações de Angela Merkel, numa entrevista a vários jornais europeus publicada hoje, defendendo que os países europeus devem recorrer a todos os instrumentos aprovados pela União Europeia para fazer face à crise económica e social provocada pela pandemia, incluindo os empréstimos do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE).
“Nada mudou no ponto de vista de Angela Merkel, mas é a mim, com [o ministro da Economia, Roberto] Gualtieri e os técnicos de conta do Estado, que cabe tratar das contas” de Itália, disse Conte.
“Estamos a preparar um plano de relançamento para Itália que vamos apresentar em setembro”, acrescentou o primeiro-ministro italiano, que falava numa conferência de imprensa sobre o início do ano escolar em Itália.
Conte reagia a declarações de Merkel numa entrevista publicada hoje por seis jornais europeus, o italiano ‘La Stampa’, o alemão ‘Süddeutsche Zeitung’, o britânico ‘The Guardian’, o francês ‘Le Monde’, o espanhol ‘La Vanguardia’, e o polaco ‘Polityka’.
Questionada sobre se Itália deve recorrer ao MEE, através do qual os países da zona euro podem requerer até 2% do respetivo PIB – Produto Interno Bruto para despesas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde em empréstimos com juros baixos, Merkel afirmou que “a decisão é de Itália”, mas acrescentou que a UE criou mecanismos como MEE, a linha do BEI – Banco Europeu de Investimento e o programa SURE, que “qualquer um pode usar”.
“Não os disponibilizámos para ficarem por usar”, disse a chanceler.
O MEE é particularmente controverso em Itália e divide inclusivamente a coligação de governo, em que o Movimento 5 Estrelas (M5S, antissistema) se opõe ao recurso ao mecanismo e o Partido Democrático (PD, centro-esquerda) é a favor.
Do lado dos que contestam o recurso ao MEE, em que está também a oposição de direita, argumenta-se que ele acarreta o risco de um controlo de Bruxelas sobre as contas italianas através de condições associadas aos empréstimos, e defende-se antes o recurso ao fundo de recuperação, ainda em negociação, que prevê que as verbas sejam canalizadas sobretudo através de subsídios.
O MEE, criado em 2021 durante a crise das dívidas na Europa, disponibiliza linhas de crédito aos países mais afetados pela pandemia para despesas direta ou indiretamente relacionadas com cuidados de saúde, tratamentos e prevenção de Covid-19.
Ao contrário dos empréstimos concedidos durante a crise das dívidas, sujeitos a um programa de reformas, esta linha específica do MEE tem como única condição que as verbas sejam usadas para aqueles fins.
Taguspark
Ed. Tecnologia IV
Av. Prof. Dr. Cavaco Silva, 71
2740-257 Porto Salvo
online@medianove.com