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Continente pode entrar na bolsa. “Ativos preponderantes” valorizam a Sonae

O grupo anunciou estar a analisar a colocação em bolsa da subsidiária de retalho alimentar e a gestora da propriedade imobiliária. Analistas e investidores avaliaram positivamente a decisão, apesar de ainda existirem muitas incógnitas.
23 Maio 2018, 09h30

A Sonae prepara-se para colocar em bolsa mais uma parte significativa do negócio. A operação poderá não estar para próximo e os analistas referem que a empresa deverá esperar pelo momento certo para o fazer. Quando acontecer, deverá dar um impulso às ações, que negoceiam com desconto, ajudando a retalhista a lidar com a forte concorrência no setor.

“Esta operação visa colocar à disposição de investidores, dois ativos verdadeiramente preponderantes para a Sonae SGPS”, afirmou a equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global.

O grupo anunciou esta segunda-feira que está a analisar a colocação em bolsa da subsidiária de retalho alimentar, a Sonae MC, e a entidade que gere a propriedade imobiliária, a Sonae RP.

Na última divulgação de resultados, os ativos da Sonae Retalho foram responsáveis por mais de 72% do volume de negócios total da Sonae SGPS, que se fixou em 1.342 milhões de euros. Dentro da Sonae Retalho, as unidades em questão  foram também as que mais investimento receberam durante o primeiro trimestre de 2018.

Fica assim de fora o retalho especializado, que inclui as lojas Worten, SportZone e Zippy, e pressiona negativamente os resultados da Sonae Retalho.

Transparência nas contas vai reduzir desconto

“Para o grupo, o impacto deverá ser predominantemente positivo, na medida em que é possível que os segmentos Sonae MC e Sonae RP aumentem o seu capital, em virtude desta operação – realidade que lhes proporcionaria melhores condições para crescimento e aumento de competitividade”, avaliam os analistas do BiG.

João Queiroz, diretor da Banca online do Banco Carregosa concorda que a IPO do retalho alimentar e do imobiliário da Sonae deverá ser positivo para a casa-mãe, que garantiu pretende manter uma posição maioritária nas empresas que atualmente detém na totalidade.

“O negócio vai tornar a Sonae mais transparente porque vamos saber o valor de cada parte, o que poderá reduzir o desconto com que a Sonae negoceia historicamente”, explica, acrescentando que o setor da distribuição tem registado correções.

Após ter divulgado as intenções da administração, num comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), na segunda-feira à noite, a empresa valorizou em bolsa 1,31% para 1,159 euros por ação. Anunciou a nomeação do Barclays, BNP Paribas e Deutsche Bank para organizar reuniões exploratórias com potenciais investidores.

Pontos de interrogação sobre a operação

O efeito para as ações não foi mais expressivo porque há ainda muitas incógnitas em relação à operação, incluindo o timing. Caso se prove vantajosa a abertura do capital destas duas empresas do negócio de Retalho da Sonae ao público, “é expectável que a Sonae SGPS aguarde um momento em que o sentimento positivo esteja presente nos mercados accionistas europeus e, especialmente, no português”, aponta o BiG.

A forma da operação é outra questão em aberto. Queiroz considera provável que os atuais acionistas da Sonae tenham direitos de subscrição e o restante seja colocado através de aumento de capital, numa operação semelhante à colocação em bolsa da Sonae Indústria. “Quando houver mais informações que permitam perceber quanto vale o retalho, poderemos apurar o valor da holding, o que tenderá a significar uma valorização da casa-mãe”, diz.

Quanto à posição da nova cotada no setor internacional, os analistas sublinham que o retalho em Portugal tende a ser mais resiliente que os concorrentes europeus devido à ampla oferta nacional. “Porém, quanto maior a competitividade, mais difícil é de manter as margens das receitas”, refere o diretor da Banca online do Banco Carregosa.

“De qualquer modo, um reforço de capital deverá permitir à empresa focar-se na consolidação da sua posição no mercado nacional de retalho alimentar – um setor que regista uma indubitavelmente crescente pressão concorrencial”, acrescentou o BiG.

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