Se as projecções se estendessem para lá de 2018, teriam que reconhecer que a trajectória de divergência com a UE está apenas temporariamente interrompida.
Por isso seria essencial que este documento contemplasse o aumento do potencial de crescimento como objectivo essencial. Infelizmente, as medidas discricionárias do OE concentram-se no rendimento das famílias, para estimular o consumo privado (e as importações), esquecendo as empresas e a competitividade. Mesmo quando falam nestes, o governo insiste em estímulos pelo lado da despesa, como os fundos comunitários, esquecendo as reformas essenciais do lado da oferta, as únicas que podem aumentar de forma sustentável o nosso potencial de crescimento. Pior ainda, prevê-se um aumento da derrama em sede de IRC de 7% para 9%, colocando a taxa nos 31,5%, o valor mais alto da UE.
Quanto a metas orçamentais, continua a não haver consolidação orçamental estrutural, como desde 2015, e a prevista redução da dívida pública é menor do que seria possível, mantendo o nosso endividamento num nível excessivo, desperdiçando o enquadramento externo extremamente favorável, o ideal para nos preparamos para dias mais difíceis.