Quando alguém nos pergunta “quem és?”, tendemos a responder com o cargo profissional que ocupamos. Isto tornou-se numa regra social que quase sempre funciona: permite às pessoas dar/receber informação sobre o interlocutor sem, no entanto, entrar em detalhes de maior e que poderiam ser muito dispersos. Integramos a pessoa no nosso mapa social e a vida continua com uma espécie de hierarquização inconsciente.

Extrapolando isto para uma análise maior, quiçá este tópico nos levante uma importante constatação sobre a qual devemos refletir: não somos só o trabalhador “x”, continuamos a ser Humanos (com muitas mais características).

Todos, no mapa laboral, desde chefias, decisores, técnicos, indiferenciados, estagiários, estudantes ou desempregados, desenvolveram um conjunto de competências que os posiciona perante o mercado/organizações. Apesar das diferenças que os possam caracterizar, todos têm em comum as emoções, os sentimentos, a vivência do stresse e a necessidade de criar laços para o bem-estar.

Todos nós, em alguma parte da vida, já sentimos – separada ou conjuntamente – medo, alegria, fascínio, (des)ilusão, (des)motivação, vontade de ficar ou vontade de seguir. E é exatamente isto que é importante considerar: independentemente da posição em que estejamos, continuamos a ser Humanos. Humanos que precisam de ver correspondidas necessidades emocionais básicas para encontrar o bem-estar.

O bem-estar, que tem muitas perspetivas e abordagens, pode ser (de forma simplista) definido como um conjunto de fatores que reunimos para nos sentirmos melhor, mais integrados, seguros e amados. Assim, gostaria que pensasse: há alguém que conheça que, por trás do cargo profissional, não tenha este conjunto de emoções e perceções? Parece difícil.

A minha proposta segue no sentido de integrarmos o(s) cargo(s) como dimensão identitária transversal, mas além disto termos consciente que temos outras mil e uma características e formas que são importantes de ser respeitadas e, também, de respeitarmos no Outro.

Independentemente da posição laboral em que estejamos, estou certo de que temos sempre oportunidade de usar a comunicação como forma de criar laços que promovam o bem-estar com outras pessoas: respeitando a sua individualidade e o coletivo.

Independentemente de ser um prestigiado CEO ou um recentíssimo estagiário, não tenha medo de comunicar. Só assim conseguiremos contruir pontes. Continuamos a ser humanos!