Nas últimas semanas têm surgido várias controvérsias sobre aquilo que é o assunto do momento (há já alguns meses diga-se de passagem!), ou seja, o COVID-19. Mais precisamente, questionam-se se as estratégias utilizadas para a sua prevenção/remediação, tal como o uso de máscaras, o distanciamento social, a necessidade de desinfeção quase constante, entre muitas outras diretrizes que têm surgido, serão eficazes ou apenas um incómodo desnecessário ao quotidiano de todos nós. As opiniões dividem-se, como já é hábito em qualquer assunto, por isso mesmo hoje fui à procura de casos de sucesso e do que o mundo da ciência nos diz sobre este assunto.
Com alguns meses de investigação, análise de números e de dados, observação das medidas aplicadas pelos diferentes países e a sua eficácia, já é possível retirar ou pelo menos observar o surgimento de alguns indícios ou conclusões, particularmente relevantes acerca da transmissão ou mitigação deste vírus “que não nos larga”. Vejamos o caso da Nova Zelândia. Este país reportou, até à data, um dos números mais baixos de casos, mas o que fez este país para o conseguir? Segundo notícias e dados reportados, a Nova Zelândia instaurou o confinamento obrigatório extremamente rápido, quando tinha apenas cerca de uma centena de casos ativos. Os seus cidadãos respeitaram as restrições impostas e os viajantes internacionais cumpriram 14 dias de quarentena obrigatória. Cerca de 5 semanas após a implementação destas (e outras tantas) medidas restritivas o número de casos começou a diminuir (Baker, Wilson, & Anglemyer, 2020). Até há bem pouco tempo a Nova Zelândia tinha estado cerca de 100 dias sem nenhum caso novo, algo inédito quando comparado com os restantes países do mundo, porém voltaram a surgir recentemente novos casos na cidade de Auckland. O surgimento destes novos casos levou de imediato esta cidade a um novo estado de confinamento obrigatório e as mesmas precauções utilizadas logo no início desta pandemia, que se mostraram eficazes, estão a ser colocadas em prática para evitar a propagação do vírus nesta cidade e no país. Experts referem que as estratégias implementadas na Nova Zelândia, como seja, o confinamento atempado, o respeito dos cidadãos no cumprimento das restrições, a realização de testes em massa, o rastreio e a vigilância de contactos, uma boa comunicação governamental, tudo isto (e muitas outras medidas) aliado a decisões rápidas, baseadas na ciência, têm sido elementos para o sucesso na forma de lidar com o COVID-19 (Millher & Landsverk, 2020).
Mas a investigação tem também trazido algumas “luzes” sobre a eficácia das diferentes estratégias adotadas. Estudos como o de Panovska-Griffiths, Kerr, Stuart, Mistry, Klein e Viner (2020) confirmam que a realização de testes, um rastreio e vigilância eficaz, assim como o confinamento são estratégias que podem prevenir uma nova “onda” de COVID-19, particularmente com o aproximar do início do ano escolar. Noutro estudo, Leffler, Ing, Lykins, Hogan, McKeow e Grzybowsi (2020) referem que a existência de regulamentações e políticas que suportam o uso de máscara, assim como o controlo de viagens, estão associadas a uma menor mortalidade. Lyu e Wehby (2020) numa outra investigação mencionam que o uso de máscaras em espaços públicos pode ajudar a mitigar a propagação do vírus e Mitze, Kosfeld, Rode & Walde (2020) num estudo realizado na Alemanha concluíram que o uso de máscara reduziu o ritmo de crescimento diário das infeções reportadas em cerca de 40%. Estudos em Oxford (Mills, Rahal, & Akimova, 2020) também revelam que, para além do distanciamento social e da higienização das mãos, o uso de máscara, deve fazer parte das políticas, referindo que não será apenas uma única medida que será eficaz, mas será a combinação de várias medidas que contribuirão para a redução do risco de transmissão.
Martin Luther King Jr. afirmou que a “educação deve habilitar cada indivíduo a examinar minuciosamente e a ponderar as evidências, discernir o verdadeiro do falso, o real do irreal e os fatos da ficção”. Apesar de sempre existir uma margem para o erro, parece-me, pois, que “contra factos não há argumentos”. Por isso já é tempo de todos cumprirmos a nossa parte, para que esta nossa história faça rapidamente parte apenas dos livros de História.
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