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Controlo das variantes é chave na gestão pandémica e laboratórios passarão a conseguir identificar estirpes, afirma especialista do Ricardo Jorge

A possibilidade de deteção de estirpes, que ainda não está disponível à generalidade dos laboratórios que colaboram com o Serviço Nacional de Saúde, deverá ser instalada na grande maioria dos mesmos, dada a sua relevância no controlo da pandemia e as preocupações com mutações mais contagiosas, ouviu-se na reunião no Infarmed desta segunda-feira.
8 Março 2021, 12h10

Portugal conseguiu travar significativamente a evolução da pandemia no país, como demonstra a passagem para o índice de risco de transmissão mais baixo da Europa e o aumento mais lento do que inicialmente previsto da variante britânica do coronavírus, afirmou João Paulo Gomes na reunião epidemiológica no Infarmed desta segunda-feira.

Dado o crescimento da doença em território nacional no início do ano, os modelos matemáticos de previsão apontavam para uma predominância de 65% da estirpe britânica a partir da semana seis da análise do Instituto Ricardo Jorge. Na realidade, este valor foi apenas atingido na última semana, a semana nove da análise, o que suporta a ideia.

Este é um rastreamento considerado fulcral pelo microbiologista João Paulo Gomes, pelo maior risco de contágio associado à maioria das mutações conhecidas nos últimos tempos. Assim, as autoridades de saúde planeiam dotar todos os laboratórios nacionais, ou pelo menos uma larga maioria, das capacidades para detetar as variantes responsáveis por cada caso positivo.

“São testes relativamente rápidos e que passam pela retestagem dos casos positivos”, explicou João Paulo Gomes, que indica ainda que “durante as próximas semanas trataremos da logística”.

Relativamente a outras estirpes mais preocupantes, como a brasileira, sul-africana e californiana, os responsáveis de saúde pública nacionais mostram-se confiantes de que a situação está controlada, muito devido ao rastreamento e isolamento de contactos dos casos detetados em Portugal. Registam-se até ao momento 12 casos da variante sul-africana, bem abaixo dos números verificados no resto da Europa, e 11 da variante brasileira originária de Manaus, o que fica em linha com o resto do continente.

Relativamente ao desconfinamento e à reabertura da economia, João Paulo Gomes aproveitou a oportunidade para sublinhar a importância de manter a testagem PCR, que permite a deteção da variante responsável pela infeção, ao contrário dos testes rápidos.

“A autoridade que implementa este tipo de testagem rápida está ciente desta realidade e não deixará cair a testagem PCR”, garante o microbiologista. Assim, urge implementar controlos nos aeroportos e fronteiriços, de forma a evitar introduções do coronavírus como as verificadas no início da pandemia, quando uma só entrada da doença levou a mais de 4.000 infeções nas regiões Norte e Centro, que culminaram na cerca sanitária a Ovar.

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