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Conversas no café

As conversas no café são mais interessantes quando os companheiros habituais têm opções clubísticas e políticas diferentes. Tem piada quando gozamos o “paganine”( pagador do café) que perdeu no jogo dos “milhinhos” (moedas). Dizemos umas ” bocas” ao adepto do clube que anda atrapalhado, para não descer de divisão, ou então, o treinador do nosso clube, passa de bestial a besta, numa semana!
23 Abril 2017, 12h19

Quando a conversa deriva para a politiquice, não existe nenhum político que não “leve na corneta”. O hábito de ir ao café, também ajuda a combater o stress. Recordo um amigo que me disse: “uma pausa para o cafezinho, a meio da manhã e a meio da tarde, dá-me forças para aturar o rabugento do meu chefe”.

Os cafés são locais indispensáveis nas sociedades e ficam codificados com o tipo de clientela, tornando-se mesmo emblemáticos. A minha cidade do Funchal, não foge ao padrão. Tertúlias de intelectuais, artistas, “miradouros” para alegrar a vista…

Há quem diga: “ A maior parte das notícias de primeira página, são obtidas nos cafés. Jornalista que se preze, tem de tomar várias “bicas” por dia” . Bilhardice no café é muito mais credível, que as modernices  do Facebooks,  twiters  etc  etc.

Chicotadas psicológicas em treinadores e promoções  para candidatos políticos.. algumas vezes,  germinaram nesses locais.

Continuando, esta conversa da treta, os cafés continuam a ser  codificados,  estigmatizados, devido à tipologia dos clientes .  Existem cafés emblemáticos  e chiquérrimos, jet 7 e jet 8.

Mas… os meus preferidos, são aqueles que eu classifico de multiculturais,  emocionais…  em linguagem  barata, o café  dos cromos…

Gente sénior a desabafar os seus queixumes PDI ( o Google explica), os que só falam da bola , encontros amorosos, alguns  matreiros, propícios a sarilhos conjugais… boas bilhardices! Metaforando,  “todos no mesmo barco … a remarem  para lados diferentes”.

Cheguei cedo à minha esplanada preferida. Fim de tarde tropical, de fazer inveja aos povos ricos, dos  países  do  Norte.

Ao contrário de outros, da minha idade, em que o tempo voa e as noites são uma eternidade, gosto de observar pessoas.

Os seus maneirismos, por vezes, são reveladores dos seus estado de  alma.  Semblantes  felizes, tranquilos ,outros tristonhos, zangados com a vida, rabugentos, azedos, vestuários com bom gosto, outros… “mal amanhados.”

Esplanada cheia, clientela heterogénea, reparo e conto… 38 pessoas… 26… com o dedo a “lamber”  o seu telemóvel.

“ Que raio de mania é esta? Será alguma virose?”

O meu telemóvel toca…

“Que se f… não atendo” !

“Vou tentar resistir, para não me transformar num zombie cibernauta. Prefiro as minhas velhas tertúlias, em que se bebia mais poncha… do que café”!

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