O candidato do Partido Liberal da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, ganhou as eleições presidenciais antecipadas desta terça-feira, seis meses depois de ter sido um dos líderes políticos que se revoltou contra a tentativa e imposição da lei marcial que atirou o país para mais uma crise política. Kim Moon-soo, do Partido do Poder Popular, já admitiu a derrota.
A vitória de Lee deverá dar lugar a uma mudança profunda da política da quarta maior economia da Ásia, na sequência da catastrófica gestão de Yoon Suk Yeol, o conservador que derrotou Lee Jae-myung por uma pequena margem nas eleições de 2022.
Quase 80% dos 44,39 milhões de eleitores da Coreia do Sul votaram, a maior participação em eleições presidenciais desde 1997 – dando clara indicação do cansaço que o país apresentava depois da peripécia da tentativa de imposição da lei marcial, que alegadamente era uma resposta ao aumento de tensão, que não se confirmou, com a Coreia do Norte.
O decreto da lei marcial e os seis meses de turbulência política que se lhe seguiram, e de que resultaram três presidentes interinos diferentes e vários julgamentos de insurreição criminal contra Yoon Suk yeol (entre outros responsáveis), marcaram o país. Yoon sofreu impeachment pelo parlamento liderado por Lee (uma prática comum na Coreia do Sul) e foi demitido do cargo de presidente pelo Tribunal Constitucional em abril, menos de três anos após ter iniciado o mandato de cinco.
Lee acusou o PPP de ter tolerado a tentativa de lei marcial ao não se opor com determinação. O resultado foi a derrota de Kim, ex-ministro do Trabalho de Yoon à altura da declaração da lei marcial (a 3 de dezembro passado. Num breve discurso já depois da vitória, Lee disse que cumprirá os deveres do cargo e prometeu fazer regressar a unidade ao país, reavivar a economia e tentar a paz com a Coreia do Norte. Os resultados oficiais devem ser certificados pela Comissão Eleitoral Nacional só na manhã de quarta-feira.
Park Chan-dae, líder interino do Partido Democrata, disse entretanto que os resultados indicam que os eleitores rejeitaram a tentativa de impor a lei marcial. “Acho que os coreanos fizeram um julgamento severo contra o regime insurrecional”, disse.
Para os analistas, Lee tem agora pela frente a necessidade de encontrar soluções para uma sociedade profundamente marcada por divisões e uma economia fortemente exportadora, mas que se depara com as medidas protecionistas imprevisíveis dos Estados Unidos, um importante parceiro comercial e aliado em termos de segurança. Lee disse durante a campanha que o sistema político e o modelo económico estabelecidos há anos e que transformaram o país num dos mais importantes da Ásia não são atualmente adequados aos novos desafios que se colocam.
O novo presidente disse ainda que apostará no investimento em inovação e tecnologia, mas também no regresso da igualdade social, esquecida pelo crescimento económico e pelo cariz altamente competitivo (nomeadamente em termos de trabalho) que se foi instalando. Espera-se que Lee seja mais conciliador com a China e a Coreia do Norte, mas prometeu continuar o engajamento com o Japão. De qualquer modo, a vitória do liberal não será com certeza uma daquelas que o presidente dos Estados Unidos se apressará a comemorar.
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