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Coronavírus: Bem-vindos ao “novo normal”

Sucesso! Objetivo atingido… Temos razões para estar contentes com nós próprios, mas não tenhamos ilusões… É agora que vem a parte mais difícil…
13 Maio 2020, 07h15

Estamos de parabéns! Mais uma vez, nos momentos de grande crise, os portugueses souberam dar uma resposta adequada e graças ao comportamento e a disciplina de todos, parece-nos que efetivamente foi possível “achatar” a curva pandémica e, assim, criar condições para garantir que o nosso Sistema Nacional de Saúde conseguiria dar resposta a esta pandemia dentro dos recursos disponíveis.

Sucesso! Objetivo atingido… Temos razões para estar contentes com nós próprios, mas não tenhamos ilusões… É agora que vem a parte mais difícil…

Neste momento, a maioria da população ativa em Portugal encontra-se em lay-off, tendo passado para o Estado Português a responsabilidade de pagar uma grande parte dos salários mensais dos portugueses, com dinheiro que não vai ter a médio/curto prazo.

Infelizmente, começa a ser claro que vamos, todos nós e como sociedade, ter de aprender a viver e a coexistir com o vírus COVID-19, considerando que a vacina ainda não deverá estar disponível no futuro próximo e que o nosso tecido empresarial não tem condições para aguentar muito mais tempo numa situação de inatividade.

Nestas circunstâncias é absolutamente imperativo que possamos (com as devidas adaptações e condicionalismos), retomar as nossas atividades já a partir do início de Maio, sob pena de não ser possível assegurar a continuidade da atividade de muitas empresas, trabalhadores e profissionais com as consequências que todos sabemos, como a perda dos postos de trabalho associados, a perda de receita fiscal, o aumento da despesa do Estado pelo pagamento dos subsídios de desemprego, o aumento das insolvências e as demais consequências sociais que decorrem deste tipo de situações.

E face às discussões dos últimos dias, parece-nos que é exatamente isto que está “sobre a mesa”, como podemos retomar as nossas atividades, mas de igual forma salvaguardar as condições de segurança necessárias face ao contexto do COVID-19, naquilo que será seguramente para todos nós um “novo normal”.

Ora, é absolutamente fundamental garantir o equilíbrio na definição deste “novo normal”, considerando que: (i) é absolutamente insustentável a manutenção do confinamento da população ativa portuguesa por mais tempo; (ii) é desaconselhável o retomar das nossas vidas “como se nada fosse”, uma vez que o risco de criação de cadeias de contágio descontroladas é grande, ou (iii) uma solução mista, que, por um lado, garanta as necessárias condições de segurança, mas por outro lado, cause mínimo de disrupção económica possível.

Em primeiro lugar, aplica-se a velha máxima de que não devemos tratar de forma igual coisas que são fundamentalmente diferentes e nesta fase, parece-nos que ao invés de aplicar medidas que são genericamente iguais para todos e aplicáveis a todos da mesma maneira (como foi o caso do confinamento geral), nesta segunda fase é importante fazer distinções e aplicar medidas diferentes a situações diferentes entre si.

Começando pelos mais vulneráveis ao COVID-19 e quanto a todos aqueles que têm uma maior probabilidade de não resistir (e falecer) em caso de infeção (como os mais idosos, os imunodeprimidos ou os que padecem de doenças crónicas), afigura-se necessário proteger estas franjas da população (se necessário, mesmo contra a própria vontade das próprias) e deverão nestes casos manter-se os confinamentos ou, até mesmo, agravar-se as medidas como a aplicação da quarentena obrigatória.

Por outro lado, afigura-se fundamental reabrir o país e colocar a economia novamente em funcionamento, e para isso é necessário que a população ativa do país, que neste momento está confinada às suas casas, sem ser capaz de produzir (nem consumir), volte ao trabalho e ao consumo, sem prejuízo da implementação do uso obrigatório de máscaras e de luvas e de todas as demais medidas que sejam convenientes para que as pessoas possam retomar as suas vidas e o nosso país possa retomar a sua atividade, da forma mais aproximada possível ao “normal”.

Aquilo que não podemos deixar acontecer é que as medidas de retoma que serão comunicadas possam ser encaradas pelos portugueses como um relaxamento das medidas de segurança, antes pelo contrário, teremos de apertar as medidas de confinamento (e até quarenta) em determinadas franjas da população, introduzir leis mais severas quanto ao uso de máscara e luvas, mas teremos de colocar a nossa economia a funcionar da forma mais aproximada possível ao “normal”, com limitações, condicionamentos, seguramente com muitas máscaras e muitas luvas, mas retomar as nossas atividades é algo que teremos impreterivelmente de fazer sob pena de não termos economia à qual voltar caso esta situação perdure por mais tempo.

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