O governador do Banco de Portugal (BdP) afirma que a crise sanitária que se vive globalmente, causada pela pandemia de Covid-19, “terá consequências económicas duradouras e porá em causa a coesão social e o ânimo coletivo para enfrentar o futuro”. Em entrevista ao “Expresso”, Carlos Costa diz que existe uma “incerteza total”, pede aos países da União Europeia, independentemente do seu nível de endividamento, que se mantenham solidários e volta a apoiar a emissão dos designados ‘coronabonds’.
“Caso contrário, corremos o risco de a zona euro quebrar pelo elo mais fraco, devido aos custos muito significativos que a resposta a esta crise vai comportar ou à incapacidade de mobilização de recursos”, explicou o governador do BdP, em declarações ao semanário do grupo Impresa.
O dirigente do banco central português defende soluções inovadoras, como a hipótese de o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) emitir ‘coronabonds’ de maturidade “muito longa”, “com os recursos a serem canalizados para os Estados-membros e reembolsáveis a longo prazo através do orçamento comunitário e, para o efeito, contempladas no quadro financeiro plurianual”.
E dá um exemplo ao mesmo jornal: “Se fosse feito esforço conjunto de 10% do PIB, semelhante ao dos Estados Unidos, reembolsado a 50 anos, as transferências anuais para o orçamento comunitário seriam de 0,2%). Esta abordagem não teria impacto imediato nas posições orçamentais individuais”.
“Nenhuma economia está preparada para uma crise desta natureza. Os países estão todos no mesmo plano. A pandemia surge numa fase descendente do ciclo económico, em que subsistem fragilidades ligadas aos elevados níveis de endividamento público e privado em várias economias, incluindo a portuguesa. Em consequência desta pandemia, as perspetivas para a economia portuguesa deterioraram-se abrupta e significativamente”
Num artigo de opinião publicado no Jornal Económico, o governador do BdP havia afirmado que a situação de emergência que se vive em Portugal e na maior parte dos países europeus justifica a emissão dos chamados eurobonds e que o Estado deve conceder garantias aos bancos para que estes possam continuar a emprestar dinheiro às empresas e às famílias afetadas.
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