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Corrida à liderança da OCDE gera tensões entre EUA e Europa

A nomeação para o cargo poderá, segundo alguns analistas e políticos próximos da organização, definir o futuro da globalização. As diferentes preferências europeias e americanas podem levar a mais um foco de tensão entre os dois blocos, sendo que, caso Joe Biden vença, levanta-se a questão sobre a sua escolha para o cargo, que deverá diferir da expressa pelo presidente Trump.
  • Miguel A. Lopes/Lusa
28 Outubro 2020, 15h45

A sucessão do secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) está a motivar uma corrida muito disputada ao cargo, com os vários estados-membros do órgão a promover ativamente o seu candidato, numa nomeação que poderá ditar o futuro dos moldes da globalização, como salienta a Bloomberg.

Com a aposentação de Angel Gurria para o ano, o cargo máximo da organização fica vago e várias são as potências a querer ver o seu candidato na chefia da OCDE. A questão ganha importância acrescida num momento em que o órgão leva a cabo negociações delicadas sobre impostos digitais, um tópico sensível que pode causar uma guerra comercial transatlântica, explica a Bloomberg.

O mandato de Gurria fica marcado pela maior proatividade da organização, que trabalhou no desmantelamento de paraísos fiscais no pós-crise de 2008 e estreitou os laços com grandes economias não-membros da OCDE, como a China ou Índia. No entanto, a manutenção desse rumo dependerá fortemente de quem lhe suceder.

Por um lado, os EUA querem ver no cargo o Chefe de Gabinete do presidente Trump, Christopher Liddell. O americano, que tem também nacionalidade neozelandesa, possui experiência no setor privado, depois de ter desempenhado as funções de diretor financeiro na General Motors e Microsoft. Como nota a Bloomberg, os restantes estados-membros poderão estar pouco recetivos à sua nomeação, dada a sua posição sobre impostos digitais.

A candidata preferencial do bloco europeu é Cecilia Malmstrom, a atual Comissária Europeia para o Comércio. A sua experiência em negociações de acordos multilaterais coloca-a no topo das qualificações para o cargo, mas o alinhamento das prioridades da OCDE com a União Europeia em termos de ação climática e taxação digital levam-na a recolher as preferências de grande parte dos estados-membros da União.

Estão ainda na corrida a atual presidente da Estónia, o ex-ministro das finanças canadiano, o atual ministro das finanças australiano e o presidente da Câmara de Comércio da República Checa.

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