Os cortes na produção de petróleo iniciados este mês pelos membros da OPEP, pela Rússia e pelos Estados Unidos foram cruciais para a recuperação e a estabilização dos preços, uma tendência que é importante para estabilizar também a economia global, afirmou António Costa Silva, presidente da gestora portuguesa de ativos petrolífera Partex.
Num webinar organizado pela Ordem dos Engenheiros, o presidente da Partex, que a Fundação Calouste Gulbenkian vendeu aos tailandeses da PTT Exploration and Production por 622 milhões de dólares em novembro de 2019 recordou que a indústria petrolífera foi uma das primeiras ‘vítimas’ da crise provocada pela pandemia da Covid-19, e que “mesmo hoje temos pelo menos 50% do PIB mundial paralizado”.
“Muitas das cadeias de transporte pararam, sobretudo da aviação, e evidementemente o preço do petróleo declinou de uma forma significativa e chegou mesmo a níveis negativos”, adiantou.
Recordou que os preços já recuperaram, com o barril Brent a negociar perto dos 35 dólares após ter tocado num mínimo de 19,33 dólares a 21 de abril, e o West Texas Intermediate nos Estados Unidos a cotar nos 31,80 dólares depois de o contrato anterior para entrega no final de maio ter atingido um preço negativo de 37,63 a 20 de abril, pressionado pelo excesso de oferta e a escassez de espaço de armenzagenagem para os stocks.
“Houve uma recuperação e uma estabilização que é assente nos cortes que foram introduzidos ao nível da produção sobretudo a OPEP mais a Rússia e os próprios Estados Unidos”, referiu Costa Silva. “A combinação desses cortes deu um sinal muito claro aos mercados que os principais atores estavam interessados em conter a produção e não podemos esquecer que houve um declínio de cerca de 30% na procura mundial de petróleo, de um dia para o outro com o efeito desta crise”.
Para o presidente da Partex, a questão central é que a economia mundial tem ainda o petróleo como “o centro nevrálgico” do seu funcionamento.
“Quando houve esta queda, ela contaminou os mercados de equities, de crédito, das outras commodities e arrastuo por si a economia mundial, portanto uma certa estabilização dos preços do petróleo é boa para estabilizar o resto da economia mundial”, vincou.
Questionado sobre como é que a variação dos preços do petróleo afecta a economia portuguesa, Costa Silva sublinhou que Portugal atingiu o pico do consumo de petróleo em 2005, nos 330 mil barris por dia. “Hoje estamos a consumir cerca de 220 mil barris por dia, portanto a esse nível o país ajustou-se”, disse.
“É evidente que uma queda expressiva de 10 dólares no preço do barril de petróleo tem um um impacto directo no nosso PIB na ordem dos 0,5%, portanto é significativo”, explicou.
“Temos uma factura energética que resulta da importação de petróleo, gás e carvão que é da ordem dos 5% do PIB, ainda é significativo, portanto tudo que é declínio do preço representa menor factura energética e mais folga em termos das empresas e do conjunto da atividade económico”, concluiu.
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