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Corticeira Amorim: lucros derrapam mais de 21% em 2024

As vendas caíram 4,7%, penalizadas por contexto global desfavorável, ao mesmo tempo que a dívida líquida contraiu quase 20%, para os 196 milhões de euros. Os lucros somaram 69,7 milhões de euros em 2024.
20 Fevereiro 2025, 17h05

Os resultados líquidos da Corticeira Amorim ficaram, no final de 2024, muito próximos de atingirem os 70 milhões de euros (69,7 milhões), mas não foram suficientes para chegarem aos 88,9 milhões do ano anterior, pelo que derraparam 21,6%, segundo indica um comunicado do grupo enviado ao regulador do mercado mobiliário. Ao mesmo tempo, o EBITDA atinge 158 milhões de euros, tendo caído cerca de 11%. A dívida líquida desceu 19% para 196 milhões de euros. A proposta de pagamento de dividendo bruto é de 32 cêntimos por ação.

Citado pelo comunicado enviado à CMVM, António Rios de Amorim, presidente e CEO do grupo, diz que “num contexto de mercado desfavorável, com acrescida incerteza e volatilidade, a resiliência da Corticeira Amorim e contínua ação visando a melhoria da eficiência operacional e a otimização do mix, revelaram-se determinantes em 2024. O ano foi também marcado pela aquisição da Intercap, especializada na produção de cápsulas de surbouchage para espumantes e vinhos tranquilos, que reforça as nossas competências e a abrangência da nossa oferta no segmento de vinhos espumantes”.

Rios Amorim diz ainda que é “de salientar a reorganização do negócio ‘não rolhas’ numa única Unidade de Negócio, a Amorim Cork Solutions, potenciadora de sinergias a todos os níveis, e a adoção de um novo modelo de distribuição nos revestimentos, privilegiando uma rede internacional de distribuidores em detrimento de empresas de distribuição próprias, o que implicou a alienação da participação detida na Timberman Denmark A/S”.

No âmbito da sustentabilidade, “o ano foi de decisões e ações estruturantes. Conduzimos uma análise de dupla materialidade, envolvendo a consulta aos nossos stakeholders, que constituiu um passo crucial para a definição da nova estratégia ESG e ambição para 2030. Antecipando a implementação da CSRD, decidimos adotar, já em 2024, as normas ESRS para o relato do ano”.

Foram também desenvolvidos múltiplos projetos, entre os quais a certificação FSC pela Herdade de Rio Frio, a internalização do cálculo da pegada de carbono e o alargamento das certificações externas dos nossos sistemas de Gestão da Responsabilidade Social.

“Encaramos com otimismo o ano de 2025, que se afigura igualmente desafiante. Acreditamos estar numa posição privilegiada para converter desafios em oportunidades, diferenciando-nos dos nossos concorrentes, respondendo com responsabilidade e qualidade à confiança dos nossos clientes. Após dois anos consecutivos de forte inflação da matéria-prima cortiça, o resultado da campanha de 2024 foi mais favorável. O negócio “rolhas” deverá continuar condicionado pela evolução do consumo global, mas as melhorias do mix de produto, as iniciativas de melhoria da estrutura de custos e ganhos de eficiência operacional deverão traduzir-se em aumentos de rentabilidade. O novo modelo organizativo da Amorim Cork Solutions deverá fortalecer o negócio “não rolhas”, garantido uma maior flexibilidade operacional, otimizando os ativos existentes e potencializando a valorização da cortiça como matéria-prima de referência.”

As vendas consolidadas da Corticeira Amorim totalizaram 939,1 milhões de euros em 2024, um decréscimo de 4,7% face ao ano anterior. “O contexto adverso do mercado, com impactos significativos nos volumes, condicionou significativamente a evolução das vendas, refere o comunicado.

Todas as Unidades de Negócio registaram uma contração das vendas, com exceção da Amorim Cork Composites, cujas vendas cresceram 2,7%. As vendas da Amorim Cork totalizaram 732,3 milhões representando 76% das vendas consolidadas da Corticeira Amorim.

O EBITDA consolidado atingiu 157,6 milhões de euros, enquanto a margem EBITDA se cifrou em 16,8% (o que compara com 18% um ano antes), penalizada sobretudo pelos efeitos dos menores níveis de atividade, do aumento dos preços de consumo de matérias-primas cortiça e da qualidade da cortiça de alguns lotes trabalhados. “De salientar o contributo positivo para a rentabilidade decorrente de maiores eficiências industriais, de melhoria do mix e de menores custos de matérias-primas não cortiça”.

Após resultados atribuíveis aos interesses que não controlam, a Corticeira Amorim encerrou o ano de 2024 com um resultado líquido de 69,7 milhões, uma redução de 21,6% face ao período homólogo, penalizado também pelo aumento dos encargos financeiros decorrentes do maior endividamento médio. Os resultados não-recorrentes ascenderam a 1,4 milhões de euros, refere ainda a demonstração de resultados. No final de dezembro, a dívida remunerada líquida ascendia a 195,7 milhões, uma redução de 45,2 milhões face ao final de dezembro de 2023 (que foi de 240,8 milhões), impactada favoravelmente pela redução das necessidades de fundo de maneio (16,4 milhões de euros) e pela venda da Timberman (18,9 milhões).

O Conselho de Administração decidiu propor à Assembleia Geral de Acionistas, a realizar no próximo dia 28 de abril, a distribuição de um dividendo bruto total de 0,32 euros por ação, a ser pago na sua totalidade em maio.

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