O ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva, revelou na Grande Entrevista à RTP 3, que a empresa alemã Mutares está a negociar já com os credores financeiros da Efacec. O ministro explicou que “é daí que vão sair os números finais do negócio”.
A empresa tinha uma exposição à banca de 150 milhões, no final do ano passado, e os obrigacionistas detinham 58 milhões em títulos de dívida.
Já se sabe que o perdão de dívida por parte dos credores da Efacec vai ser determinante para o sucesso do negócio de venda da empresa ao private equity alemão Mutares.
António Costa Silva voltou a repetir o que já tinha dito à tarde no Parlamento. “Os negócios não se fazem no bazar”, disse o ministro da economia para defender a razão porque não revela os números da venda da Efacec aos alemães da Mutares.
O ministro da economia, num debate de urgência convocado pelo PSD, defendeu-se com o facto de a Mutares ser uma empresa cotada em bolsa para não revelar valores do negócio e pediu aos deputados para “não fazerem descarrilar” o processo de reprivatização de 71,73% da empresa. Recorde-se que o ministro revelou na conferência de imprensa que a Mutares vai fazer uma injeção de capital e garantias na Efacec.
“As empresas cotadas em bolsa como é o caso da Mutares, que é cotada na bolsa de Frankfurt, têm um non disclosure agreement e o investimento final está dependente de condições precedentes que têm de ser verificadas”, disse o ministro no Parlamento.
O Estado injetou 132 milhões de euros na Efacec até maio, sob a forma de suprimentos, a que acrescem 85 milhões de euros de garantias prestadas aos empréstimos da banca. Ao todo a exposição total do Estado soma 217 milhões euros até final de maio. Estado vai demorar três a cinco anos a recuperar o dinheiro que injetou na empresa.
Costa Silva diz que existem três condições precedentes para que o negócio possa avançar: o parecer positivo da Direção-geral da concorrência europeia (DG-comp) que tem de considerar que o plano para a Efacec reúne as condições de mercado e coloca a empresa com níveis de rentabilidade adequados – o designado teste de operador de mercado.
Depois precisa da luz verde da Autoridade da Concorrência e do Tribunal de Contas, mas também dos credores, ou seja, dos obrigacionistas.
Outros temas
A baixa capitalização das empresas é uma das fragilidades da economia, revelou o ministro que lembrou que o rácio de capital das empresas portuguesas é dos mais baixos da UE. “É por isso que tentamos imprimir uma dinâmica nova ao Banco de Fomento”, disse o governante.
“Temos de ter uma banca sólida para financiar os projetos”, referiu ainda Costa Silva que é já visto como o ministro das empresas.
“É preciso mudar o paradigma de financiamento das empresas”, apelou o ministro que defende o papel do banco promocional nesse desígnio.
“Se tivermos um quadro fiscal mais equilibrado nós conseguimos libertar o potencial produtivo das empresas e do país, e também no IRS das famílias”, defendeu ainda António Costa Silva que lembrou o incentivo fiscal à capitalização das empresas e do ao investimento já contemplado no Orçamento de Estado. “Mas as melhorias do sistema fiscal têm de continuar”, defendeu.
O ministro que viveu em Angola, lembrou ainda que assistiu ao “marxismo-leninismo” a funcionar, com a nacionalização das empresas de um dia para o outro, e que isso “não funciona”. Costa Silva criticou assim o dirigismo estatal sobre a economia.
“Precisamos de uma economia de mercado forte, mas se não for regulada pode conduzir a um capitalismo selvagem”, disse o ministro que defende um equilíbrio.
“Estamos a reduzir a dívida e a sair da linha dos países mais endividados”, disse ainda Costa Silva.
“A nossa economia é resiliente”, defendeu o ministro que lembra a subida das receitas do turismo, em 2022, de 15,4% para 21,1 mil milhões de euros.
“As receitas da indústria metalomecânica foram de 23 mil milhões de euros, acima do turismo”, revelou Costa Silva. “O turismo é um dos grandes motores da economia, e não devemos gripar o motor, mas temos de diversificar a economia”, defendeu.
“Portugal tem um problema de salários baixos, mas o salário médio subiu ao l0ngo dos últimos sete anos”, frisou também o ministro da economia na entrevista a Vítor Gonçalves.
A massa salarial declarada em 2022 atingiu os 58,2 mil milhões de euros, mais 11% que em 2019, disse o ministro que sublinha ainda que a inflação já está a decrescer. “Esperemos que o BCE chegue a uma política equilibrada”, apelou.
As exportações cresceram 13,6% este ano, frisou ao mesmo tempo que defendeu as políticas do Governo de que faz parte. Recorde-se que a balança comercial está negativa. De acordo com o INE, no que toca à balança comercial na UE e Zona Euro, Portugal registou o quinto maior défice.
Sobre o PRR disse que vai ter um grande impacto na transformação da economia portuguesa. “A médio prazo por cada euro investido vai gerar cinco euros de valor”, disse o ministro.
O global do PRR, antes da reprogramação que ainda está em discussão em Bruxelas, soma 16,6 mil milhões de euros, dos quais 13 mil milhões estão contratados (ou com os avisos lançados), revelou. “Dos pagamentos, passámos os dois mil milhões”, disse o governante que garante que o PRR está a chegar ao terreno.
António Costa Silva deu números do investimento empresarial privado, que em 2022 chegou aos 32 mil milhões, e da atração de investimento externo que somou 2,5 mil milhões de euros, e detalhou que são investimentos de grandes empresas. “São 47 novas decisões de investimento”, dos quais “66% é para criar centros de competência engenharia e de software e 23% são novas unidades industriais”, referiu.
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