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Covid-19, a solidão dos idosos e os animais de companhia 

Nestes dias de pandemia os factores de risco para a ansiedade e depressão agravam-se ainda mais nesta população pois além do imposto isolamento socioafectivo e da maior falta de apoio sociofamiliar estão expostos ao maior risco de todos: a solidão (sim, a solidão tem sido descrita como o maior factor de risco para a depressão em idosos…).
4 Maio 2020, 07h15

Se é verdade que os tempos de confinamento nos têm afligido a todos, aos mais velhos tem sido certamente com agravantes que vão desde a vulnerabilidade da sua própria condição como a comorbidades que os acometem mais, mas também passando pelo seu maior risco de pobreza e … solidão. Mesmo vivendo, alguns, sozinhos há décadas, por estes dias o que dantes os permitia atenuar o isolamento como a visita dos filhos e netos, o café diário com os amigos, as caminhadas pelo jardim mais próximo, a ida à mercearia ou ao cinema… por estes dias foi-lhes vedado.

Ainda assim muitos têm conseguido de alguma forma suplantar o confinamento da quarentena a que têm sido obrigados – através da companhia dos seus animais de estimação. E em algumas conversas que tenho tido nas redes sociais com amigas mais velhas, ou suas familiares, que se têm valido dos seus animais para superar melhor estes tempos, os seus desabafos são desta natureza: “não me tirem os gatos que são a minha alegria, a minha companhia…” ou “sem eles (animais), a minha solidão (da quarentena) era maior”.

Nestes dias de pandemia os factores de risco para a ansiedade e depressão agravam-se ainda mais nesta população pois além do imposto isolamento socioafectivo e da maior falta de apoio sociofamiliar estão expostos ao maior risco de todos: a solidão (sim, a solidão tem sido descrita como o maior factor de risco para a depressão em idosos…). E o facto de conseguirem estabelecer ligações afectivas com animais, porventura poderá prevenir ou atenuar-lhes muitos dos efeitos da ansiedade e da depressão. Isto, porque os animais de companhia podem funcionar como amortecedores contra o stress e ter igualmente um efeito ansiolítico ao desviar estas pessoas do estímulo que lhes gera ansiedade. Podem inclusivamente reduzir-lhes os sintomas depressivos pelo efeito calmante que os animais podem ter nesta população, ajudando-os a ajustar e a redefinir as suas rotinas; e proporcionando-lhes companhia e uma sensação de segurança. Há estudos que atestam que os idosos que têm animais tendem a ficar mais confiantes na vida pois há entre o animal e o seu tutor uma relação que se fortalece diariamente e que representa para um e para outro um ponto de equilíbrio, pelo vínculo que se estabelece entre os dois. Facto, é que em muitas situações podem mesmo estabelecer-se ligações semelhantes àquelas que desenvolvem com outras pessoas, variando apenas na forma e na intensidade. Chegam a afirmar quando questionados sobre o que representam os seus animais para si que são, além de companhia e luta contra a solidão, um meio de obter alegria e humor, pois assim “têm sempre com quem conversar”. E se há décadas que se defendem cientificamente os benefícios dos animais para a saúde, inclusive a saúde mental, do ser humano, com a presente pandemia que nos consterna e sequente exigência de afastamento dos nossos afectos, tem-se comprovado que estes são uma fonte de companheirismo incondicional que proporciona satisfações intrínsecas que contribuem para a qualidade de vida dos idosos dando, de alguma forma, resposta à necessidade humana de sociabilização. Mesmo que sem suprir totalmente a ausência de outro ser humano nas suas relações…

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