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Covid-19: Fed vai comprar ativos “no montante necessário” para combater “dificuldades tremendas”

A instituição liderada por Jerome Powell sublinhou que a pandemia deverá causar “graves pertubações” na maior economia do mundo. Para manter o bom funcionamento dos mercados, disse que está disposto a comprar o que for necessário em ativos, quando há apenas oito dias tinha dito que ia adquirir no valor de pelo menos 700 mil milhões de dólares.
23 Março 2020, 12h54

A Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos anunciou esta segunda-feira novas medidas de política monetária para ajudar a maior economia do mundo a suportar o “momento desafiante” provocado pelo novo coronavírus, incluindo a remoção dos limites que tinha estabelecido no volume de ativos que vai comprar para garantir a liquidez nos mercados.

“A Reserva Federal está comprometido em usar toda a sua gama de ferramentas para apoiar as famílias, as empresas e a economia dos EUA em geral neste momento desafiante”, disse, em comunicado. “A pandemia de coronavírus está a causar tremendas dificuldades nos Estados Unidos e no mundo”.

Adiantou que a primeira prioridade é cuidar das pessoas afetadas e limitar a propagação do vírus. “Embora permaneça grande incerteza, ficou claro que nossa economia vai enfrentar graves perturbações”, adiantou, explicando que “esforços agressivos devem ser empreendidos nos setores público e privado para limitar as perdas de empregos e rendimentos e promover uma rápida recuperação quando as interrupções diminuírem”.

Recordou que o papel da Fed é orientado pelo mandato para promover o emprego máximo e a estabilidade de preços estáveis, além de promover a estabilidade do sistema financeiro.

Para apoiar esses objetivos, a Fed anunciou que Comité Federal de Mercado Aberto (FOMC) irá comprar títulos do Tesouro e dívida hipotecária “nos montantes necessários para apoiar o bom funcionamento do mercado e a transmissão efetiva da política monetária para condições financeiras e económicas mais amplas”.

O FOMC anunciara a 15 de março que compraria pelo menos 500 mil milhões de dólares em títulos do Tesouro e pelo menos 200 mil milhões de dólares em dívida hipotecária.

“A Reserva Federal está a atirar tudo aos mercados financeiros – essencialmente o que é Quantitative Easing”, disse James Knightley, chief international economist do ING, numa nota de research. “Há uma série de outras medidas também, já que o Fed procura levar ordem a dias de caos. O medo é que, se não forem bem-sucedidas, as tensões exacerbarão o que já é uma situação económica desesperada”.

Os bancos centrais à volta do mundo têm anunciado cortes nas taxas de juro e programas de compra de ativos para tentar estabilizar os mercados. A Fed já cortou a federal funds rate duas vezes este mês num total de 150 pontos base (para um intervalo de 0% a 0,25%), o Banco Central Europeu anunciou na semana passada um pacto de compras num valor de 750 mil milhões de euros e o Banco de Inglaterra cortou na semana passada a taxa de juro directora em 15 pontos base para 0,1% e aumentou o programa de compra de ativos em 200 milhões de libras para 645 milhões.

Ainda assim, os mercados financeiros continuam voláteis e em rota descendente. Os principais índices bolsistas norte-americanos perderam já entre 25% e 32% este mês, enquanto na Europa quase todas as praças afundaram mais de 30% no mesmo período.

Entre as medidas anunciadas pela Fed esta segunda-feira estão novos programas para fornecer até 300 mil milhões de dólares em novos financiamentos para apoiar o fluxo de crédito para empregadores, consumidores e empreas,o estabelecimento de duas linhas de apoio ao crédito para grandes empregadores uma terceira versão do TALF (Term Asset Loan Securities Facility Facility) e facilitação do fluxo de crédito para os municípios, expandindo o Mecanismo de Liquidez dos Fundos Mútuos do Mercado Monetário (MMLF) para incluir uma gama mais ampla de valores mobiliários.

[Atualizada às 13h32]

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