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Covid-19 tira 3,1 biliões de dólares aos ativos na gestão de fortunas face ao ano anterior

No relatório “After the storm”, realizado pelo banco Morgan Stanley e pela consultora Oliver Wyman, o valor dos ativos na gestão de riqueza vão contrair 4% este ano face ao ano anterior num cenário-base. Mas antecipam uma recuperação em forma de ‘U’ até 2024, para os 101 biliões de dólares.
30 Junho 2020, 07h55

A Covid-19 vai destruir 4% da riqueza das famílias cujo património ascende a pelo menos um milhão de dólares (do inglês, high net wealth ou HNW). Num cenário-base de análise económica, o relatório realizado “After the storm” (“Depois da tempestade”), realizado em conjunto pelo banco norte-americano Morgan Stanley e a consultora Oliver Wyman, a pandemia vai tirar 3,1 biliões de dólares este ano às famílias mais ricas.

Antes da pandemia, as estimativas da Oliver Wyman apontavam para um crescimento de 6% ao ano a partir de 2019 na gestão de riquezas, alcançando os 85 biliões de dólares este. Mas, devido aos impactos da Covid-19, “o nosso cenário-base projeta que a gestão de riqueza alcance apenas os 83 biliões de dólares em 2021. Consequentemente, antecipamos que a Covid-19 represente cerca de um ano perdido” na gestão de fortunas, refere o relatório.

Devido à incerteza económica causada pela pandemia, o Morgan Stanley e a Oliver Wyman traçaram três cenários alternativos.

“Depois de uma década dourada na qual os gestores de fortunas beneficiaram de um crescimento superior a 8% anual médio, a Covid-19 trouxe uma realidade diferente. A economia global entrou num período de incerteza: os preços dos ativos foram revistos, as taxas de juro desceram e a volatilidade do mercado aumentou”, diz o relatório.

“A duração da pandemia, as medidas de resposta e a extensão dos impactos económicos são incertos”, vincam o Morgan Stanley e a Oliver Wyman.

No período pré-Covid-19, em 2024 esperava-se que os ativos sob gestão das famílias com património de pelo menos um milhão de dólares se aproximasse dos 110 biliões de dólares. Agora, contando com os efeitos económicos da Covid-19, no cenário-base aqueles ativos alcançarão os 101 biliões de dólares em 2024, isto é, um crescimento de 5,1%, depois de uma quebra de 4% em 2020 face ao ano passado.

No cenário mais otimista, os ativos sob gestão crescem apenas 0,9% este ano face a 2019, para 80 biliões de dólares, seguindo-se uma recuperação de 5,6% entre 2019 e 2024, para os 104 biliões de dólares.

No cenário mais pessimista, a Oliver Wyman e o Morgan Stanley antecipam uma quebra de 10,2% em 2020 face ao ano anterior, de 79 biliões de dólares para os 71 biliões de dólares. E, entre 2020 e 2024, a recuperação será modesta, de apenas 1%, alcançando uns 83 biliões de dólares.

No cenário-base, que os autores do relatório batizaram de “Recession and rebound” (recessão e recuperação), as medidas de resposta contra a Covid-19 são “eficazes” na mitigação do contágio, enquanto “as descidas das taxas de juro e os estímulos orçamentais apoiam a recuperação económica em forma de ‘U’ ou similar”.

No cenário otimista, ou “Accelerated rebound” (retoma acelerada), o Morgan Stanley e a Oliver Wyman antecipam uma recuperação “modesta” face ao cenário-base, marcada por uma forte recuperação no curto-prazo nos preços dos ativos, devido aos apoios dos bancos centrais. Neste cenário, o relatório antecipa um crescimento na gestão de fortunas de 1% em 2020.

No extremo oposto, no cenário pessimista, intitulado “Sustained downturn” (contração sustentada), os estímulos económicos são “incapazes” de incentivar a economia mundial. “Esta perspectiva antecipa uma contração significativa em 2020, seguida de uma lenta recuperação”. Caindo cerca de 10% este ano, só após quatro anos é que a gestão de fortunas chegaria aos níveis pré-Covid-19.

 

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