Hoje finaliza-se no Parlamento Nacional a apresentação do Programa do Governo para esta legislatura, que nos levará até final do ano de 2026, com o primeiro-ministro escolhido pelos portugueses em eleições, António Costa.

Conforme referi na semana passada por antecipação, uma das palavras de ordem terá de ser, imperiosamente, o desempenho da nossa economia, pois é inequívoco que Portugal necessita de ter um crescimento relevante e melhorar a competitividade económica.

É evidente a importância de uma economia recuperada, mais robusta e competitiva para o futuro dos portugueses. Evidente demais para que a sua discussão se transforme em arma de arremesso político-partidária ou quezília parlamentar. Não encontrar consenso neste combate é comprometer o futuro de todos nós.

Portugal continua a crescer de forma anémica, pois ainda nem sequer recuperou o nível de criação de riqueza pré-pandemia, em 2019. O (tímido) aumento do PIB está apenas ligado à resiliência dos nossos Empresários e à retoma da atividade após sucessivos confinamentos. Só com crescimento se conseguirá uma melhoria do mercado de trabalho, a redução da taxa de desemprego, o aumento da retribuição salarial e a diminuição da precariedade laboral.

Há assim um enorme caminho a percorrer para alavancar este crescimento, necessário e estratégico, para os portugueses e para a economia nacional. Há outras indústrias em que é preciso apostar e muito talento para descobrir, que só com medidas públicas de incentivo ao investimento e à produção terão oportunidade de contribuir para uma economia efetivamente mais sustentável.

Porque é preciso não esquecer que o “poucochinho” que continuamos a crescer resulta muito do sacrifício e do esforço dos portugueses, esmagados por uma brutal carga fiscal que acumula recordes ano após ano (de 34,8% do PIB em 2020) num contínuo endividamento do Estado, que nunca conseguiremos pagar.

É preciso não esquecer que, sem riqueza, não pode haver, do ponto de vista público e também privado, aumento dos salários médios, que tanto nos deviam envergonhar.

Infelizmente, neste tema, impera a demagogia e, hoje, com a perspetiva de um aumento brutal da inflação, do que falamos é do aumento apenas do salário mínimo (por decreto), e dos que já mais recebem, como os quadros técnicos do Estado, juízes e Procuradores da República (acima do salário do primeiro-ministro), e não daqueles que vivem com pouco mais de 800 euros por mês (deduzidos de impostos). Ou seja, somos cada vez mais um país de salários mínimos, o que representa um em cada quatro portugueses que trabalham atualmente.

Feitas as contas, apesar da agenda do crescimento salarial não estar associada à riqueza que se produz, nem à correção das assimetrias salariais, nem ao combate da luta contra a pobreza, trata-se, sim, de uma agenda partidária, construída para servir os programas dos governos, que têm instrumentos para o implementar.

Libertar a economia da burocracia e da carga fiscal, apostar na criação de riqueza, abolir a pobreza e oferecer salários justos e dignos aos portugueses, eis a agenda que se impõe para os próximos anos. Mas, para já, só com crescimento económico Dr. António Costa. O tempo urge e Portugal não pode esperar.