A preocupação está de volta diante de um novo impasse no comércio mundial. Os ataques a navios de carga pelos houthis no Mar Vermelho, após a escalada do conflito entre Israel e o Hamas, tornaram a rota pelo Canal de Suez muito perigosa. As viagens pelo canal são aliás, tradicionalmente, um dos primeiros efeitos colaterais do aumento da violência entre Israel e os países árabes – a chamada crise do Suez, ou guerra do Suez, de outubro de 1956, não deixa margem para dúvidas.
Desta vez, empresas como a dinamarquesa Maersk e a MSC disseram que vão “fazer uma pausa” nas suas passagens por essa área e vão passar a contornar o Cabo da Boa Esperança pela África do Sul – regressando à rota aberta no final do século XV por Vasco da Gama. Com os houthis a cumprirem o papel que a tradição atribuía ao monstro Adamastor, a antiga rota aumentada em 15 ou 20 dias o percurso, dependendo da origem do navio, disse o coordenador do grupo de trabalho Ásia-Pacífico do Clube de Exportadores Espanhóis, Ramón Gascón, citado pelo jornal “El Economista”.
Assim, estender uma viagem de 18 mil km para cerca de 25 mil significa um aumento de custo que pode ser de cerca de 40% a 60%, de acordo com especialistas ouvidos pela publicação, especialmente devido ao maior uso de combustível.
Recorde-se que entre 25% e 30% do comércio mundial flui através do Canal do Suez e já sofreu uma crise em março de 2021, quando o navio porta-contentores Ever Given encalhou e manteve o comércio mundial em suspenso durante seis dias, congelando mais de 10 mil milhões de dólares de comércio por dia.
Para já, os especialistas garantem que é preciso manter a calma “não vamos ficar sem abastecimento”. Gascón afirmou que o custo do frete em novembro aumentou 60%, “mas viemos de preços muito baixos e voltou a uma dinâmica muito normal”, frisou.
Mas a verdade é que, de acordo com o Shanghai Container Freight Index, que indica o custo do frete marítimo da China, o preço aumentou consideravelmente no final do ano. Especificamente, em 24 de novembro, o frete de um contentor de 20 pés da China para a Europa custava 779 dólares, enquanto em 29 de dezembro de 2023, o preço subiu para 2.694 dólares. “Os novos preços estão a chegar e haverá um efeito correlacionado de quanto tempo dura o conflito entre Israel e o Hamas e se ele se agrava para a região”, disse Gascón.
O especialista alerta que nem a China nem os Estados Unidos estão interessados em perpetuar os ataques no Mar Vermelho pelos houthis, “que são um exército altamente organizado e são financiados pelo Irão, aliado do Hamas”, lembrou o especialista.
Neste momento, parece que a operação levada a cabo pelos Estados Unidos em coligação com 10 países não está a acalmar os ânimos na área. Os ataques houthis a navios com bandeiras israelitas e aliadas continuam.
As tensões continuam a aumentar no Oriente Médio, e a Marinha dos EUA já está a responder aos ataques dos rebeldes houthis do Iémen no Mar Vermelho. No último dia de 2023, o Comando Central Naval dos EUA afirmou que impediu um ataque de rebeldes a um navio da companhia de navegação dinamarquesa Maersk Hangzhou. Foi a primeira vez que a Marinha dos EUA confronta diretamente os houthis.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com