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“Um simples champô pode fazer mal a um animal”, alerta fundadora de loja ‘cruelty-free’

“Hoje em dia existem técnicas para os produtos serem testados e serem completamente seguros sem magoarmos e matarmos animais. Um simples champô pode estar a fazer mal a um animal”, adianta Andreia Santos, da loja online Beauty by Noor.
  • Beauty by Noor
6 Agosto 2021, 18h10

Desde 2013 que a União Europeia proibiu a comercialização de cosmética com ingredientes testados em animais, mesmo que os produtos tenham sido testado em outros países, tendo lançado um grande marco. Vários anos depois da aprovação desta lei, ainda ambígua, Andreia Santos decidiu abrir a loja online Beauty by Noor, onde só são comercializados produtos cruelty-free.

“A aposta nos produtos cruelty-free acontece porque não faz sentido voltar atrás na evolução. Verifica-se uma grande evolução tecnológica e científica e nós aproveitamos muito isso e não faz sentido não aproveitar isso nos produtos que utilizamos diariamente”, explica Andreia Santos ao Jornal Económico.

“Hoje em dia existem técnicas para os produtos serem testados e serem completamente seguros sem magoarmos e matarmos animais. Um simples champô pode estar a fazer mal a um animal”, adianta.

A luta de Andreia, por levar à sua loja produtos unicamente cruelty-free, é a mesma da PETA. A associação de crueldade contra animais estima que mais de 100 milhões de animais sejam mortos todos os anos nos laboratórios dos Estados Unidos para experiências com produtos cuja finalidade é serem usadas em humanos.

Partindo do início, um produto que seja cruelty-free significa não exigir nem depender, em qualquer parte do processo, de uma cobaia animal. Existem ainda produtos vegan, em venda de supermercados, que nem sempre são obtidos sem crueldade e esta denominação pode confundir os consumidores.

“Ser vegan é um produto sem qualquer derivado de animal. Por norma, tudo o que é vegan é cruelty-free porque não faz sentido ser diferente, enquanto cruelty-free não implica outras. A maioria cruelty-free é vegetariana porque tem sempre um ou outro derivado, como por exemplo a cera de abelha”, explica Andreia.

A Beauty by Noor abriu portas invisíveis em 2018 e desde então que tem apresentado um crescimento conciso. Em três anos, a loja de Andreia Santos já comercializa 42 marcas diferentes, tendo sempre fome de apresentar mais marcas aos consumidores, tanto que o objetivo seria uma marca nova por mês para “mostrar a imensa variedade que existe cruelty-free”. 

“A nossa aposta sempre foi ter marcas de todo o mundo. Por exemplo, os brasileiros são muito fortes em cabelo e os coreanos em skin care. Queremos mostrar aos portugueses que existem muitas opções cruelty-free espalhados pelo mundo”, adianta. De acordo com a fundadora, os formatos são bastante semelhantes aos das marcas massificadas em supermercados, e existem produtos mais baratos e outros também mais caros, no fundo “produtos que dão para todas as bolsas”.

A loja pretende ainda apostar numa linha própria, ainda que seja um sonho a longo prazo e já esteja em conversações. A “Beauty by Noor está atualmente a trabalhar para ter a sua própria marca, já há dois anos. É um processo demorado, muito longo, exige muito financeiramente”, refere ao JE, adiantando que a primeira linha já está delineada” e que o lançamento dos produtos deverá ser feito “um a um” para melhor foco na apresentação dos mesmos.

Relativamente à venda de maquilhagem (um mercado em franco crescimento), Andreia explica que se tratam de produtos mais específicos. “A maquilhagem é algo que as pessoas têm mais dificuldade em comprar quando não conhecem. Na verdade, é mais fácil comprar um creme de rosto do que uma base, é um processo mais difícil”.

Para já, a loja está focada no lançamento mais abrangente para os consumidores, uma vez que anteriormente se focou muito no tell your friends para um ‘passa a palavra’ mais fácil.

Para já, e volvidos três anos de projeto, a loja conseguiu uma parceria exclusiva com a marca Teami, uma empresa norte-americana 100% natural, vegan e artesanal, “algo raro”, segundo Andreia Santos. Atualmente, a marca mais vendida é a brasileira Lola Cosmetics, por já ser bem conhecida do público português.

Além dos produtos sem crueldade, o embalamento dos produtos também é importante para a marca. “É tudo reciclado e algumas embalagens são compostáveis”, explica, adiantando que a cruety-free também se deve estender ao planeta. “Não podemos interferir nas embalagens das marcas mas notamos que estão a mudar. As marcas antes usavam plástico, e continuam a usar mas agora estão a adotar um plástico produzido com fécula de batata”, acrescenta.

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