A plataforma de trading Crypto.com anunciou que vai reduzir a equipa global em 20%, anunciou o co-fundador e CEO da empresa, Kris Marszalek, numa publicação no blog da empresa. Em causa está a “confluência de desenvolvimentos económicos negativos” e eventos “imprevisíveis” na indústria, que é como quem diz: a guerra, a inflação, o arrefecimento da Bitcoin e a implosão catastrófica da FTX.
Esta será a segunda maior ronda de despedimentos na empresa sediada na Singapura, que já tinha despedido 250 trabalhadores em meados do ano passado – mas um relatório recente vem sugerir que mais de 2.000 trabalhadores saíram, ora por convite ora por iniciativa própria. A empresa não soube divulgar quais os cargos que estão a ser reduzidos desta vez, mas soube apontar dedos, ou neste caso, dedo: a FTX.
A implosão da empresa em novembro do ano passado já tinha tido choques premonitores, logo em junho, mas o abalo principal veio a dar-se no fim do ano. A incorreta apropriação e aplicação de fundos dos utilizadores e a consequente insolvência “danificou significativamente a confiança na indústria”, escreve Marszalek.
2022 foi de facto um ano complicado para o mercado dos criptoativos, que encarou repetidos escândalos quando ainda estava fresca a tinta que correu com o cryptocrash. Sobre isso, o CEO da Crypto.com diz que “crescemos de forma ambiciosa no início de 2022, construíndo um incrível momentum e alinhando a trajetória com o resto da indústria”.
“Essa trajetória”, explica, “mudou rapidamente com a confluência de desenvolvimento económicos negativos”.
Tal como acontece com outras empresas em outras indústrias, as firmas de criptoativos estão a tomar decisões arrojadas para tentar passar entre os pingos da chuva – só que nesta analogia a chuva toma diferentes formas. Por um lado, a confiança dos consumidores e utilizadores é fundamental para o crescimento da indústria. Por outro, esse mesmo crescimento suscita demandas de transparência e regulamentação – que virá, já avisaram os reguladores europeus e norte-americanos.
Acontece que ‘transparência’ e ‘regulamentação’ não são palavras bem recebidas por alguns decisores, ainda que muitos players do mercado acenem com entusiasmo à credibilidade que daí poderá advir.
Mas o crescimento de que o CEO fala não se deu sem uns tropeços. A empresa foi criticada pela publicidade feita com o ator Matt Damon, acidentalmente enviou a um utilizador mais de 10 milhões de dólares “por engano” e preocupou os especialistas da indústria com a sua saúde financeira. Ainda assim, recebeu um voto de confiança da auditora Mazars, que garantiu que os criptoativos dos utilizadores estavam perfeitamente assegurados. Contudo, dias depois, a auditora que também auscultou a Binance, admitiu que tinha interrompido o trabalho com os clientes no mercado de cripatoviso.
Sobre os despedimentos de julho, Marzsalek diz que os mesmos fizeram face ao desânimo macroeconómico, mas que “não contemplam o colapso da FTX, que feriu significativamente a confiança na indústria”.
“É por esta razão que, à medida que nos continuamos a focar numa gestão financeira prudente, tivemos que tomar a decisão difícil mas necessária de alargar as reduções [de trabalhadores] para melhor posicionar a empresa para sucesso a longo-prazo”, termina.
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