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Custos com meios de pagamento ascenderam a 2,2 mil milhões em 2022, segundo BdP

Os custos suportados pelo sistema bancário, pelos consumidores e pelos comerciantes com a disponibilização e a utilização dos instrumentos de pagamento de retalho tem vindo a aumentar, revela o Banco de Portugal.
28 Maio 2024, 15h37

O Banco de Portugal publicou hoje a quinta edição do estudo sobre os custos dos instrumentos de pagamento de retalho. Nesta edição, são estimados os custos suportados pelo sistema bancário, pelos consumidores e pelos comerciantes com a disponibilização e a utilização dos instrumentos de pagamento de retalho em 2022.

Os custos totais com os instrumentos de pagamento de retalho ascenderam a 2,2 mil milhões de euros, o que representa 0,95% do PIB nominal em 2022.

Estes custos, que correspondem a um valor per capita de 219 euros, aumentaram 20% relativamente a 2017 (data de referência da anterior edição deste estudo), refletindo, em grande medida, o crescimento do número de pagamentos realizados na economia.

O aumento dos custos suportados com a disponibilização dos instrumentos de pagamentos foi transversal a todos intervenientes — sistema bancário, consumidores e comerciantes, explica o BdP.

O supervisor bancário acrescenta que mais de 90% destes custos foram suportados pelos comerciantes e pelo sistema bancário (52% e 39%, respetivamente). Os consumidores assumiram os restantes 9%.

A decomposição dos custos por interveniente não se alterou significativamente em relação a 2017, conclui.

Numa perspetiva agregada, diz o BdP, os débitos diretos continuaram a ser o instrumento com custo mais baixo por transação (0,22 euros). Seguiram-se o cartão de débito, as transferências e o numerário, que custaram, respetivamente, 0,34 euros, 0,41 euros e 0,50 euros por transação.

Os instrumentos menos eficientes foram o cheque e o cartão de crédito, com um custo de 4,16 euros e 2,38 euros por pagamento, respetivamente, revela o banco central.

Os custos privados dos consumidores com a utilização dos instrumentos de pagamento, em 2022, foram estimados em 1.095,2 milhões de euros, o que representa um crescimento de 39% relativamente a 2017, detalha o Banco de Portugal.

O mesmo estudo diz que cerca de 88% dos encargos suportados pelos consumidores resultaram dos instrumentos de pagamento mais utilizados nos pontos de venda. Sendo que o numerário somou 255,8 milhões de euros e os cartões de pagamento dominaram com 708,5 milhões de euros.

Para os consumidores, o numerário e os débitos diretos mantiveram-se como os instrumentos mais económicos em termos unitários, ainda que tenham encarecido relativamente a 2017. O custo unitário dos pagamentos com numerário passou de 6 cêntimos para 11 cêntimos, e o dos débitos diretos aumentou de 6 cêntimos para 12 cêntimos. Os cheques foram, tal como em 2017, o instrumento com maiores encargos por transação: 3,89 euros em 2022.

Para os comerciantes, a aceitação de pagamentos implicou um custo privado de 1.520,2 milhões de euros, mais 19% do que em 2017, revela o BdP.

Os débitos diretos e as transferências mantiveram-se como os instrumentos com menor custo unitário para os comerciantes, ao custarem 14 cêntimos e 26 cêntimos por pagamento, respetivamente. A opção mais onerosa continuou a ser o cheque: 2,19 euros por pagamento.

Para o sistema bancário, a disponibilização dos instrumentos de pagamento de retalho originou um custo de 892,2 milhões de euros, o que traduz um aumento de 12% relativamente a 2017, avança o BdP.

O peso deste custo no PIB nominal diminuiu, de 0,41% em 2017 para 0,37% em 2022.

Mas também é verdade que, globalmente, as receitas do sistema bancário com a disponibilização dos instrumentos de pagamento de retalho superaram os custos suportados.

A taxa de cobertura dos custos pelas receitas subiu de 116,7% em 2017 para 136,3% em 2022, impulsionada pelo incremento das comissões cobradas por via dos pacotes de gestão e manutenção de contas (uma das principais fontes de receita dos bancos, a par das anuidades de cartões e das taxas de serviço cobradas aos comerciantes), revela o BdP.

Analisando por instrumento de pagamento, as receitas do sistema bancário superaram os custos incorridos no caso dos cartões de débito, pré-pagos e de crédito, das transferências a crédito e dos débitos diretos. Pelo contrário, os custos com a disponibilização do numerário, dos cheques e das transferências imediatas não foram integralmente cobertos pelas receitas.

A situação líquida revela, portanto, a existência de uma subsidiação cruzada entre instrumentos de pagamento, conclui o supervisor da banca.

Para o sistema bancário, o numerário continuou a ser o instrumento com menor custo por transação, ainda que este custo tenha aumentado de 8 cêntimos em 2017 para 10 cêntimos em 2022 (devido à redução significativa do número de pagamentos efetuados com notas e moedas).

Os cheques mantiveram-se como o instrumento mais dispendioso por transação (3,55 euros por pagamento em 2022), seguido dos cartões de crédito (2,18 euros por pagamento).

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