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Da exaltação à expectativa: O que dizem os políticos sobre a manifestação dos Coletes Amarelos?

A manifestação está agendada para esta sexta-feira. Os protestos prometem “parar Portugal”, bloqueando vários pontos do país ou cortando os principais acessos a Lisboa, como a Ponte 25 de Abril.
  • Caroline Blumberg / EPA
20 Dezembro 2018, 11h21

Marcelo Rebelo de Sousa: “Situação em Portugal é diferente da de França”

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, acredita que as manifestações agendadas vão ser pacíficas, tendo em conta que “a situação em Portugal é diferente da situação em França, que teve sempre revoluções sangrentas”. “Uma coisa é a manifestação pacífica, que é timbre de Portugal, outra coisa é a violência que assistimos noutros países”, sublinhou à agência Lusa. O chefe de Estado lembrou ainda que dentro de alguns meses há eleições europeias e legislativas, nas quais as pessoas “podem exprimir o seu agrado ou desagrado, em relação às instituições e aos partidos”.

Primeiro-ministro: Compete-me assegurar que a manifestação “decorra nos termos estritos da legalidade”

O primeiro-ministro, António Costa, afirmou estar tranquilo em relação às manifestações dos “coletes amarelos” em Portugal. “Aquilo que me compete assegurar, como primeiro-ministro, é, primeiro, que quem se quer manifestar tenha a liberdade de se manifestar e, em segundo lugar, que a manifestação decorra nos termos estritos da legalidade”, sublinhou António Costa, em declarações à agência Lusa. O líder do executivo socialista afirmou ainda que “o direito de manifestação é um direito constitucional que existe em Portugal, faz parte da nossa vida democrática e em liberdade, exercido no respeito pelas regras do Estado de direito”. “Aquilo que é legítimo esperar, como é, aliás, tradicional em Portugal, é que as manifestações existam, como existem quase todos os dias no nosso país, e que decorram com a calma, a tranquilidade e o respeito pela legalidade, como também é tradição. E é assim que espero que aconteça no dia 21”, acrescentou.

Augustos Santos Silva: “O direito à manifestação é um direito constitucional”

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augustos Santos Silva, lembrou, em declarações à agência Lusa, que “o direito à manifestação é um direito constitucional”, mas “tem como regra ser uma manifestação pacífica, comunicada às autoridades e que não perturbe nem a circulação dos bens nem a segurança das pessoas”. Augusto Santos Silva sublinhou que “as manifestações não precisam de ser autorizadas, basta serem comunicadas”. O ministro deu ainda conta de que há forças de extrema-direita por detrás deste movimento popular e, sublinhou que “uma das grandes virtudes da democracia portuguesa é ter estado imune a manifestações de extrema-direita e às diferentes variantes de populismo, xenofobia e nacionalismo extremo”.

Rui Rio: “Não contem comigo para manobras de ordem política de extrema-direita”

O presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio, considera “legítimo” que a população portuguesa não confie na capacidade do Estado para garantir a sua segurança. “Nunca, na história recente de Portugal, o Estado falhou tanto quanto está a falhar neste momento. O Governo que temos é este e não é outro, e o Governo tem de responder por todas estas situações, independentemente de poder ter mais responsabilidade direta, ou menos, num caso ou noutro”, explicou. No entanto, Rui Rio indicou que “uma coisa é nós, de forma democrática e civilizada, alertarmos; coisa completamente diferente é tentar aproveitar este descontentamento social para, depois, ter manobras de ordem política de extrema-direita, ou seja o que for”. “Para isso não contam comigo, de certeza absoluta. Não estou cá para isso, bem pelo contrário, estou cá para combater isso”, ressalvou.

Francisco Louçã: Coletes Amarelos em Portugal são “uma operação de extrema-direita”

O ex-dirigente do Bloco de Esquerda (BE) Francisco Louçã diz que a importação do protesto dos coletes amarelos em Portugal esconde um objetivo paralelo da extrema-direita. “Quando olhamos para o detalhe percebemos que há aqui uma coisa que se deve tomar em consideração com muita atenção. A instrumentalização pela extrema-direita, numa óbvia imitação dos processos que preparam o [Jair] Bolsonaro”, explicou o bloquista, no seu espaço de comentário da SIC Notícias. Francisco Louçã acredita que “esta operação é uma operação de extrema-direita”, que visa a “criação de formas de confrontação e de discursos de ódio” e a “criação de redes significativas de pessoas que ficam associadas no Whatsapp ou em sites do Facebook”.

Presidente do PNR: “Concordamos com tudo”

O presidente do Partido Nacional Renovador (PNR), José Pinto Coelho, subscreve grande parte das reivindicações dos “coletes amarelos”, como o sentimento de revolta contra os impostos indiretos nas energias e nos combustíveis. “Também estamos contra esta pasmaceira que se vive e contra a impunidade da corrupção. Não é preciso perceber de economia para perceber que basta que deixassem de roubar para os portugueses viverem melhor. Concordamos com isso tudo”, afirmou ao jornal “i”. José Pinto Coelho disse que, desde o início que o partido tem vindo a apoiar e a partilhar o movimento dos “coletes amarelos portugueses” e que tencionam lá estar. No entanto, José Pinto Coelho considera que “nós não somos iguais aos franceses”, mas não sabe “quais as reivindicações que queiram vir a cavalgar”. “Portanto, não podemos subscrever as coisas totalmente. Se as coisas descambarem no tipo de atuação ou no tipo de reivindicação, aí recuamos”, defendeu.

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