Desde o início da pandemia que esta atingiu famílias, empresas, instituições e governos sem aviso, e foram diversas as etapas pelas quais já passámos. Da confusão inicial à sua normalização, o teletrabalho já passou por muito durante esta pandemia. Mas o que aprendemos?

Em meados do mês de março foi instaurado o estado de emergência e começou o confinamento obrigatório. Nesta altura, a principal preocupação das instituições é a segurança e bem-estar dos seus colaboradores. Milhares de pessoas foram obrigadas a trabalhar a partir de casa e a fazer uso de um recurso que, para muitas delas, era algo completamente novo – o teletrabalho.

Após esta transição repentina, a maior necessidade das empresas era adaptar e digitalizar alguns processos chave que garantiam a continuidade do seu trabalho, como a adoção de ferramentas de trabalho colaborativo.

Agora, estamos na fase na qual o teletrabalho é uma realidade já estabelecida e as suas vantagens a longo prazos já começam a ser discutidas e avaliadas. São inclusivamente conhecidos vários exemplos de empresas que assumiram o trabalho remoto como forma preferencial de fazer o seu negócio. Mas, chegados aqui, precisamos de perceber o que mudou, que novos hábitos é que empresas e trabalhadores adquiriram e compreender os desafios desta nova realidade.

Um dos impactos mais facilmente identificáveis tem a ver com a alteração dos processos de recrutamento. No pré-pandemia, para além das entrevistas serem presenciais, muitas empresas ofereciam benefícios atrativos para colaboradores e candidatos, como os espaços de divertimento nos locais de trabalho, festas e convívios, atividades de relaxamento, entre outras. Hoje, nas entrevistas remotas, esses mesmos benefícios perderam alguma relevância face à flexibilidade, condições de otimização de trabalho remoto e metodologias de trabalho ágeis.

Ainda dentro do tema do recrutamento, deparámo-nos com um fenómeno interessante: se muitas empresas foram forçadas a dispensar colaboradores e a reduzir custos, as empresas tecnológicas (que não estiveram 100% livres de o fazer também) foram mais rápidas a recuperar e até a reforçar as suas equipas. Muitas empresas, dada a necessidade de colocarem online, tiveram que investir na tecnologia por forma a compensarem o negócio que perderam no offline.

Ora, este é apenas mais um dos aspetos que a pandemia veio tornar mais evidente: a nossa dependência da tecnologia e de processos digitais. Quando a dúvida e a insegurança bateram à porta, a importância da tecnologia e o papel chave que esta desempenha na gestão do negócio e dos recursos humanos tornaram-se ainda mais claros. Um dos novos desafios passa pela criação das infraestruturas necessárias para que, neste cenário marcado pela incerteza, possamos desempenhar as nossas funções, em qualquer sítio, em qualquer dispositivo.

A pandemia veio assim dar um novo empurrão à cultura tecnológica das empresas e à implementação de ferramentas que apoiem o trabalho remoto. Esta realidade, que começou por ser encarada pela maioria como uma obrigação, tem de ser encarada como essencial para as organizações. E os melhores gestores deverão estar atentos e abertos a todas estas mudanças, se querem ter um futuro pós-pandemia.