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Daniela Braga, uma portuguesa no topo da Inteligência Artificial

Fundou em Seattle, nos Estados Unidos, a DefinedCrowd, uma startup especializada em dados para IA. As empresas Amazon, a IBM e a EDP fazem parte da lista de investidores ou clientes.
6 Janeiro 2019, 16h00

A DefinedCrowd é uma empresa de dados de treino para Inteligência Artificial. Recolhe, estrutura e enriquece datasets (conjunto de dados) para Inteligência Artificial, que ajudam as companhias a terem os produtos prontos para mercado com maior rapidez e qualidade, combinando técnicas de Machine Learning (aprendizagem automática) com Human-in-the-Loop (modelo que requer interação humana). Fundada em Agosto de 2015 pela empreendedora Daniela Braga, a DefinedCrowd encontra-se sediada em Seattle, tem centros de investigação e desenvolvimento em Lisboa e Porto, e um escritório de vendas em Tóquio.

Três meses depois de ser criada, a DefinedCrowd abriu o primeiro escritório de R&D na Startup Lisboa. Desde então, a empresa passou dos iniciais três empregados na capital portuguesa para uma equipa de mais de 20 pessoas (que, na verdade, está em constante crescimento).

Em 2016, a empresa levantou 1.1 milhões de dólares em investimento de seed, com investidores como Sony, Amazon Alexa Fund, Portugal Ventures e Busy Angels. Em Julho de 2018, a DefinedCrowd fechou uma Series A no valor de 11,8 milhões de dólares, liderada pela Evolution Equity Partners, que conheceu na edição de 2017 do Websummit. Juntaram-se, nesta ronda, a EDP Ventures, Mastercard e Kibo Ventures, sendo que a Sony, Amazon, Portugal Ventures e Busy Angels reforçaram a sua participação. “É importante levantar capital se queremos ir rápido, sobretudo na área tecnológica”, diz Daniela Braga ao Jornal Económico.

Este investimento está a ser canalizado para acelerar o desenvolvimento do produto e crescimento da equipa, que já conta com mais de 50 colaboradores. Destes, dois terços dividem-se entre os escritórios portugueses, que irão maioritariamente suportar o crescimento previsto para 80 pessoas até ao final do ano.

Nos últimos seis meses, a DefinedCrowd anunciou três parcerias a nível mundial: é parceira recomendada pela Amazon Alexa Skills; está integrada no IBM Watson Studio; e faz parte do programa Co-sell da Microsoft.

A plataforma da DefinedCrowd é agnóstica no que respeita aos dados que recebe, ou seja, suporta texto, áudio e imagem. Isto permite que a empresa tenha clientes nos mais diversos verticais da indústria: desde fintech, ao retalho, passando pela saúde, energia, operações, até à Internet das Coisas. Dentro de cada área, a empresa trabalha com os líderes que estão a inovar no segmento da Inteligência Artificial, sendo que o portefólio de clientes é maioritariamente constituído por companhias Fortune 500. Entre os nomes que podem ser revelados, destacam-se BMW, Mastercard, EDP, José de Mello Saúde, SoftBank, Yahoo Japan, Randstad e Nuance.

O futuro da empresa é ambicioso, sendo que o objectivo é tornar-se a empresa número um de dados para Inteligência Artificial do mundo, através da expansão não só da lista de clientes de topo, mas também das parcerias com líderes da indústria que estão na vanguarda da evolução da Inteligência Artificial.

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, o lado rigoroso do uso da língua como ferramenta de comunicação não podia ter mais afinidades com o negócio que criou. “Lidamos diariamente com dados em 46 línguas, para as quais são necessários conhecimentos desde o nível de falantes nativos ao científico, por linguistas ou especialistas em Ciências da Linguagem”, acrescenta a empreendedora. Após a licenciatura e o mestrado em Portugal, fez investigação na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e deu aulas na Universidade da Corunha durante dois anos, até que entrou para a Microsoft (nesta empresa trabalhou em Portugal, China e Estados Unidos).

Deixou a empresa fundada por Bill Gates em 2013 e transferiu-se para a também norte-americana Voicebox. Simultaneamente, foi convidada para dar aulas de Data e Crowdsourcing para Speech Tecnologies na Universidade de Washington. Nesse momento, percebeu que havia uma grande oportunidade de mercado na área da Inteligência Artificial e decidiu criar a sua própria empresa. Despediu-se de um emprego bem pago, não tinha capitais próprios, nem pediu dinheiro emprestado ao banco. Reuniu-se com investidores em Seattle, nos Estados Unidos, apresentou a empresa num powerpoint e conseguiu sair com o primeiro cheque: 200 mil dólares de financiamento para arrancar o negócio. Um negócio que já conquistou algumas das maiores empresas do mundo. l

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