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Das 3.728 vagas que ficaram desertas ao anúncio “bomba” do ministro da Educação

Fernando Alexandre anunciou, este domingo, ao JN, que vai “desbloquear” os cursos de Medicina a alunos estrangeiros. Medicina é a área de estudo mais protegida do país, onde só uma ou outra matricula não efetuada inicialmente permite uma segunda oportunidade. No final da segunda fase do concurso deste ano ao Ensino Superior ficaram por preencher 3.728 lugares.
Foto: Nuno Gonçalves/UMinho
Foto: Nuno Gonçalves/UMinho
16 Setembro 2024, 07h30

A principal novidade está fora do Excel. O anúncio feito pelo ministro da Educação, ao Jornal de Notícias, na manhã deste domingo, dia em que foram publicados os resultados da segunda fase de colocações no Ensino Superior, de que vai abrir os cursos de Medicina a alunos estrangeiros é uma “bomba”. Poderá provocar ondas de choque na área de estudo mais protegida do país, com efeitos que se prolongarão no tempo. Já os resultados da segunda fase do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior, que constam do Excel disponibilizado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação, mostram que há menos alunos colocados este ano na mesma etapa do concurso e apontam 3.728 vagas que ficaram desertas.

As Faculdades de Medicina estão proibidas por lei de receber alunos de fora. O fecho do mercado num contexto de internacionalização, que é vital para o futuro do país numa conjuntura de raiz estrutural de crise de falta de alunos, tem os dias contados.

Para Fernando Alexandre, o argumento de não abrir a estrangeiros porque as vagas não chegam para os portugueses e há quem tenha que ir estudar Medicina a milhas de casa, não colhe. “A restrição é um argumento puramente demagógico”, afirmou em entrevista ao JN. Em relação ao bloqueio de estrangeiros nos cursos de Medicina, as regras mudam já no próximo ano letivo, adiantou.

Para 2024/2025 foi disponibilizado o maior número de lugares de sempre. Na primeira fase verificou-se um máximo de 1661 alunos colocados nos 10 cursos de Medicina existentes em Portugal – Porto (Faculdade de Medicina e ICBAS), Lisboa (Universidade de Lisboa e NOVA), Universidade de Coimbra, Universidade do Minho, Universidade de Aveiro (curso abriu este ano), Universidade da Beira Interior, Universidade dos Açores e Universidade da Madeira. 

Na lista da dezena de cursos com notas de entrada mais altas figuram três cursos de Medicina e no grupo dos 23 cursos com média acima de 18 valores estão cinco.

As vagas para Medicina esgotam na primeira fase do Concurso Nacional de Acesso. Porventura, há uma ou outra matrícula não efetuada que dá lugar a uma nova oportunidade na fase seguinte. Este ano foram cinco as vagas libertadas por estudantes colocados na primeira fase, que não se matricularam: uma na Universidade Nova de Lisboa, outra na Universidade da Beira Interior e duas em Aveiro. O Ciclo Básico de Medicina da Universidade dos Açores disponibilizou um lugar.

Medicina integra a área de estudo das Ciências da Vida, onde ficaram por preencher 222 das 3.728 vagas totais.

A maior fatia das vagas não preenchidas encontra-se nas Engenharia e Técnicas Afins, o maior grupo posto anualmente a concurso. Ficam desertos 1329 lugares, a maior parte em politécnicos. Três quartos das vagas sobrantes nesta fase do concurso estão, aliás, em politécnicos, sobretudo do interior: Bragança, com o maior número disponibilizado inicialmente, é também a instituição com mais lugares disponíveis ainda (818). Seguem-se os politécnicos de Viseu (318), Castelo Branco (258) e Guarda (226).

Na segunda fase, estiveram a concurso 9.659 vagas iniciais, às quais acresceram 87 vagas adicionais e 2.011 libertadas por candidatos que já tinham realizado a matrícula, mas foram agora colocados noutro curso. Os 3.728 lugares que ficaram por ocupar poderão ser disponibilizados na terceira. A decisão depende de cada instituição. As vagas colocadas a concurso na última fase são também divulgadas na página da DGES, no dia 23 de setembro.

De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação, dos 49.963 estudantes colocados na primeira fase do concurso, 45.268, o correspondente a 91% efetuaram a matrícula e inscrição.

 

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